Geovana Pagel
São Paulo – Rodovias precárias, armazéns insuficientes, portos, hidrovias e ferrovias sem investimento elevam o chamado Custo Brasil, o qual inflaciona os preços do frete no escoamento da safra nacional e reduz a competitividade brasileira no mundo. Este “caos” logístico só consegue ser amenizado graças aos investimentos de empresas privadas, como a Caramuru Alimentos, maior processadora de grãos de capital nacional do país.
A empresa injeta milhões de dólares na modernização e ampliação da capacidade logística, promovendo melhorias em ferrovias, portos e armazenagem.
Em 2003, por exemplo, investiu US$ 10 milhões na aquisição de dez locomotivas GE C-30, importadas dos Estados Unidos, e 300 vagões graneleiros Hopper, com 100 m³ e 125 m³ de capacidade, que serão alugados para a Brasil Ferrovias operar no trecho ferroviário entre o terminal de Pederneiras e o porto de Santos, em São Paulo.
“Com o investimento, ampliamos a capacidade de transporte pelo modal hidro-ferroviário, mais competitivo em relação ao modal hidro-rodoviário ou rodoviário, o que se traduz em ganhos de eficiência operacional”, afirma o vice-presidente da empresa, César Borges de Souza.
A primeira fase do programa de modernização logística deverá estar concluída ainda este ano, com a operação de cinco locomotivas e cem vagões. A última fase do projeto está prevista para 2006, quando a Caramuru estará transportando cerca de 1 milhão de toneladas de grãos e farelo de soja pelo modal hidro-ferroviário, que serão exportadas pelo porto de Santos.
Captada nos estados de Goiás e Mato Grosso, a produção é processada em São Simão, Goiás, onde a Caramuru opera uma unidade de esmagamento de soja.
Dali, a produção é transportada pela hidrovia Tietê-Paraná, em comboios compostos por um empurrador e quatro chatas com capacidade de transportar 6 mil toneladas, em parceria com a empresa Torque, até os terminais que a empresa mantém em Pederneiras ou Anhembi, São Paulo, de onde é então embarcada por trem. Toda a operação hidro-ferroviária proporciona uma redução do custo total do frete em cerca de 8% a 10%.
De acordo com Souza, o investimento também terá um impacto positivo para a cidade de Santos, ao reduzir o fluxo de caminhões na região do porto e gerar novos empregos. Pelo menos 10 mil caminhões deixarão de transitar pela cidade no primeiro ano. Quando o projeto estiver concluído, mais de 30 mil caminhões deixarão de transitar pela região.
Paralelamente, o investimento abre novos postos de trabalho no porto de Santos, já que as operações de descarga dos vagões graneleiros demandam mão-de-obra quatro vezes maior em relação às operações de descarga de caminhões.
“Com esse investimento, a Caramuru presta substancial contribuição para o desenvolvimento das regiões produtoras de grãos, para a consolidação da hidrovia Tietê-Paraná e para a dinamização do porto de Santos”, diz Souza.
Ampliação da capacidade de armazenagem
A Caramuru investe também na ampliação de sua capacidade armazenadora. A companhia construiu mais três unidades armazenadoras para um total de 61 do grupo. De acordo com o vice-presidente, a empresa, que ainda ampliou outros dois armazéns, aumentou para mais de 1,8 milhão de toneladas o total da sua capacidade.
Houve um investimento de R$ 20 milhões em obras e em expansão da rede localizada no estado de Goiás. Foram feitas obras para abrigar modernas máquinas de secagem e moegas de recebimento de grãos, além de outras melhorias. A capacidade do armazém em Ipameri, por exemplo, chega a 120 mil toneladas.
“Somente na área de recepção e armazenagem de grãos, investimos cerca de R$ 115 milhões nos últimos anos”, garantiu Souza.
A empresa está investindo R$ 2,7 milhões na construção da segunda linha de recepção de um armazém, em parceria com a Ferronorte e na reforma do ship-loader do berço 38, em conjunto com a Coinbra e a Ferronorte.
“Além destes investimentos no porto de Santos, a Caramuru está aplicando cerca de R$ 1,8 milhão na construção de dois novos silos no complexo industrial de São Simão (Goiás), unidade que abastece o mercado externo”, informa.
Se a safra de 2004 tivesse atingido o volume estimado, haveria uma grande dificuldade para escoamento da produção, revela Souza.
“É um conjunto de medidas que precisam ser tomadas. É necessário ampliar a armazenagem na área de produção, melhorar o transporte via ferrovias e também o sistema de dragagem nos portos”, defende.
Exemplo: trem que passa por dentro de São Paulo, na opinião de Souza, teria de ter ferroanel com passagem em direção a Santos, e seria preciso organizar a entrada em Santos onde tem um trecho denominado MRS. O ônus é do tempo gasto e do custo para o exportador.
O grupo
A maior processadora de grãos de capital 100% nacional e uma das 150 maiores empresas do país, a Caramuru Alimentos, fundada em 1964, em Maringá, Paraná, passou por forte expansão quando transferiu sua estrutura para Goiás, na década de 1970. Foi a época em que começou a priorizar a soja.
Com faturamento da ordem de R$ 1,2 bilhão no ano passado e projeção de R$ 1,5 bilhão para este ano, o grupo tem capacidade de processamento de 1,2 milhão de toneladas de soja e perto de 450 mil toneladas de milho por ano. As exportações representam 43% do faturamento do grupo, escoadas basicamente pelo porto de Santos.
A empresa emprega 2,2 mil pessoas e opera cinco unidades industriais, instaladas em Itumbiara e São Simão, no estado de Goiás, Apucarana (Paraná), Petrolina (Pernambuco) e Fortaleza (Ceará).
Seu parque industrial refina 230 mil toneladas anuais de óleos de milho, soja, girassol e canola e a capacidade de armazenamento da companhia soma 1,7 milhão de toneladas de grãos.
No porto de Santos, a Caramuru opera dois terminais, em parceria com a Citrosuco e com a Brasil Ferrovias, com capacidade de armazenagem de 75 mil toneladas e 130 mil toneladas, respectivamente.
Com quase 40 anos de atividades, comercializa mensalmente mais de 30 milhões de unidades de produtos no mercado brasileiro com a marca Sinhá.
Contato
www.caramuru.com

