São Paulo – Qualidade, regularidade e padronização. Carnes de alta qualidade e foco no Oriente Médio. Única empresa brasileira com produção de carne bovina 100% halal. Esta é a Carapreta, empresa brasileira de carnes nobres. Com sede em São João da Ponte, no Norte de Minas Gerais, a companhia nasceu de um estudo de mercado de proteína animal e, com base nas lacunas desse mercado, os sócios e acionistas do Grupo ARG investiram em um modelo de negócios verticalizado que privilegia a qualidade da carne, a regularidade na produção e a padronização dos produtos, com o controle de todo o processo, de ponta a ponta.
A Carapreta tem quatro anos e somente em 2022 faturou R$ 500 milhões, um crescimento de quase 35% sobre 2021. Além de bovinos, a companhia também tem criação de ovinos e tilápia e três indústrias separadas para o processamento de cada uma das proteínas.
Pensando na melhor qualidade e sabor da carne, o CEO Vitoriano Dornas contou à ANBA que a Carapreta investiu em uma genética bovina da raça Angus, vinda dos Estados Unidos, e para conquistar o marmoreio desejado, se controla toda a alimentação das vacas e dos bezerros.
“Fizemos a automação de todos os processos nutricionais no confinamento, os níveis de energia do animal, as vitaminas e minerais necessários nas várias fases da vida dele”, contou Dornas à ANBA.
Internacionalização
Para 2023, a companhia pretende atingir a marca de 20% do faturamento com o mercado externo, e quer que esse número cresça gradativamente nos próximos anos, principalmente nos países árabes. “Temos um olhar muito forte para o mercado externo, principalmente para o Oriente Médio. Fui ano passado a Dubai para conhecer o mercado lá e mapeei todos os concorrentes, principalmente a carne australiana. Fizemos vários testes analisando a maciez, o sabor e os níveis de preço”, contou Dornas.
Ele concluiu que a carne da Carapreta é competitiva nesse mercado. “Nosso custo é muito mais competitivo do que o das carnes que eles estão comprando e comercializando”, declarou.
Durante a Sial Paris de 2022, uma das mais importantes feiras de alimentos do mundo, Dornas firmou parceria com a trading brasileira Domi. “É uma das empresas que está conosco para podermos montar um escritório lá [em Dubai] para atender Emirados, Arábia Saudita e os demais países da região”, disse.
As vendas para os árabes começaram em outubro do ano passado, quando a Carapreta fechou um contrato para fornecer R$ 80 milhões em carnes para os Emirados Árabes. Em fevereiro deste ano, Dornas e sua equipe participaram da feira de alimentos e bebidas de Dubai, a Gulfood, e conquistaram novos negócios.
“Na Gulfood apresentamos nossos produtos para diversos players importantes do food service, hotelaria e varejo, que conheceram nossa marca e gostaram. Ainda existe uma resistência à carne brasileira quando se fala em qualidade, para eles é uma carne do dia a dia, e eles ficaram impressionados com a carne que nós oferecemos”, disse Dornas.
Hoje, a companhia brasileira já atende a Arábia Saudita, Emirados, Kuwait, Palestina, Jordânia, entre outros países. “Nosso foco é no Oriente Médio com um produto de altíssimo valor agregado. A carne australiana tem uma maciez muito boa, mas o sabor da nossa carne é o que nos diferencia bastante, por uma questão de terroir”, garantiu Dornas.
A carne
A Carapreta vende produtos porcionados tanto para o varejo quanto para o food service. “Conseguimos vender direto para o consumidor sem precisar ter qualquer manipulação da carne na loja. No mercado, vendemos porções de 250 gramas. Para os restaurantes também vão as porções individuais. Queremos entregar o maior nível de serviço e de qualidade possíveis”, disse.
Os principais cortes vendidos são rib eye, picanha, assado de tira, tomahawk com osso, entre outros cortes nobres, além de hambúrguer premium e linguiça de costela.
O CEO da empresa explicou o processo de marmoreio da carne. “O marmoreio da carne é garantido ainda na gestação da vaca. No terço final da gestação é que se garante que o bezerro desenvolva o maior número de células de marmoreio. Depois, por 250 dias, sua dieta é específica e rica em amido e alto índice de glicose, para fazer com que esse marmoreio cresça. Para ter a carne extremamente marmorizada, a genética é muito importante, mas não basta ser Angus, tem que ser Carapreta. Queremos ser a melhor carne do mundo em qualidade”.
O novilho superprecoce é abatido sob os preceitos islâmicos entre 14 e 15 meses de vida. “Já temos a certificação há três anos, fomos a primeira empresa brasileira 100% halal, mesmo a carne para o mercado interno também passa pelo abate halal”, disse.
Sustentabilidade
O lema da Carapreta é produzir as melhores proteínas com sustentabilidade, e a companhia já conta com diversas certificações. Por ter 100% de criação própria, a Carapreta se orgulha de ter desenvolvido um processo de economia circular em seu negócio. “Nossa fazenda fica em cima de um aquífero que utilizamos para irrigação e para produzir alimento para os animais, e é onde produzimos os peixes. É uma água rica em nitrogênio, fósforo e potássio, irrigamos o milho e a soja que produzimos”, contou o CEO.
A soja é comercializada, enquanto o milho é utilizado na alimentação de bovinos e ovinos. O esterco dos animais é recolhido e levado para duas plantas de biodigestores na própria fazenda, e lá o gás metano é utilizado como fonte geradora de energia. “É essa energia que liga nossos sistemas. Também temos uma usina fotovoltaica, hoje a fazenda é autossustentável, só usa energia limpa e o que sobra dos animais após o processamento, do osso fazemos uma farinha que vai para a ração, o sebo vai para a indústria de biodiesel, tudo é aproveitado”, informou.
Foram construídas, dentro da fazenda, mais de 90 casas para os funcionários, uma escola primária para os filhos, um refeitório e um clube, e são oferecidos atendimento médico e odontológico, acesso à internet, entre outros serviços, segundo Dornas.