São Paulo – Após um ano de forte crescimento nas exportações de carne de frango brasileiras, o Egito desponta novamente como um dos mercados mais promissores da região árabe para o produto em 2017, na avaliação de Ricardo Santin, vice-presidente e diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Apesar de o governo egípcio ter voltado atrás e retirado a isenção de imposto de importação de frangos inteiros congelados anunciada há duas semanas, as condições socioeconômicas favorecem a penetração do produto brasileiro naquele país.
De janeiro a novembro os egípcios importaram 92 mil toneladas de carne de frango do Brasil, volume 45,8% superior ao de igual período do ano passado. Dentre os principais importadores do mundo árabe, foi o único a apresentar crescimento – os embarques para a Arábia Saudita, Emirados Árabes e Kuwait caíram no período.
“A retomada de dólares na economia, com a liberação da libra egípcia, ajudará as importações. E existe uma vontade do próprio governo para que haja uma queda no preço dos alimentos no país”, disse Santin.
Além do Egito, o diretor de mercados da ABPA citou Líbia, Jordânia e Kuwait como destinos árabes com potencial de bom crescimento no ano que vem. Em volume, mesmo com a queda de 9% nas importações até novembro, o Kuwait comprou mais carne de frango do que o próprio Egito – foram 100 mil toneladas.
Os embarques para os Emirados Árabes caíram 1,3% no período, somando 273 mil toneladas. Para a Arábia Saudita, que segue como o principal destino da carne de frango brasileira, o recuo foi de 3,9%, para 680 mil toneladas.
“A queda nas vendas para o Oriente Médio é natural e tem a ver com o próprio consumo do mercado”, explicou Francisco Turra, presidente da ABPA. “Acredito que esteja um pouco relacionada com a oscilação do preço do petróleo. Quando a cotação sobe, costuma haver uma resposta na demanda, mas o contrário também acontece”, disse.
O diretor de mercados Santin acrescentou que, no caso da Arábia Saudita, existe ainda o próprio aumento de produção no país árabe. “A demanda por carne de frango é metade suprida com produção local, metade com importação do Brasil”, explicou.
Balanço
Outro fator também ajuda a explicar essa redução nas exportações para os países do Oriente Médio: a produção brasileira de carne de frango. Segundo a ABPA, a indústria local fechará 2016 com redução de 1,8% na produção, somando 12,9 milhões de toneladas. A crise econômica foi citada como a razão dessa queda, tanto por impor dificuldades a algumas empresas – houve casos até de fechamento de plantas – quanto pela diminuição da demanda local.
“São doze milhões de desempregados e um país com clima recessivo. O resultado foi menos proteína na mesa do brasileiro”, concluiu Turra.
As exportações encerrarão 2016 com 2% de avanço, somando 4,39 milhões de toneladas, puxada pelo continente asiático – especialmente a China, que importou até novembro 451 mil toneladas, crescimento de 62,9% sobre o mesmo período de 2015, e se tornou o segundo maior destino da carne de frango brasileira.
Até novembro, as exportações de carne de frango cresceram 3% sobre os mesmos meses de 2015, somando 4 milhões de toneladas.
A ABPA revelou também que espera crescimento de 3% a 5% tanto na produção quanto nas exportações do setor para 2017.