São Paulo – Egito, Arábia Saudita, Argélia e Líbia mais uma vez se destacam entre os dez maiores mercados importadores de carne brasileira. De janeiro a setembro deste ano, as quatro nações árabes consumiram mais de 440 mil toneladas de carne “made in Brazil”. “O árabe já está acostumado com a carne brasileira. Ganhamos uma imagem praticamente imbatível na região. Eles conhecem nossa qualidade e confiabilidade. Por isso não há no mundo quem bata a carne brasileira por lá”, disse ontem (02) Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
O executivo ressaltou que hoje quem compra boa parte da carne brasileira são os países em desenvolvimento, os mercados emergentes, com muito poder de compra. “Nestes países a tendência é continuarmos com força. A grande briga é o acesso a mercados onde ainda há muito protecionismo como Japão, Estados Unidos e Coréia”, exemplificou.
Percentualmente, os países árabes representam uma fatia de quase 20% do total das exportações brasileiras que, no acumulado do ano, somaram US$ 3,91 bilhões, resultado 22% maior do que o dos primeiros nove meses de 2007, que foi de US$ 3,2 bilhões. O volume exportado, no entanto, registrou queda de 16% na mesma comparação, de 1,22 milhão de toneladas para 1,02 milhão de toneladas. “Mesmo diminuindo a tonelagem, os bons preços garantiram esse crescimento de 22%”, disse Fonseca.
O mês de setembro registrou um recorde histórico de crescimento mensal para as exportações brasileiras de carne que registraram US$ 533,2 milhões. Valor 52% superior à receita de setembro de 2007. “É um recorde histórico de crescimento mensal. Superamos o mês de setembro do ano passado em tonelagem e faturamento”, comemorou Fonseca.
A entidade estima que as exportações brasileiras cheguem a US$ 5,2 bilhões até o final de 2008, também já divulgou a expectativa de faturar US$ 15 bilhões com exportações de carne em 2013. “Essa meta é baseada em fatos. A produção pode aumentar se aumentarmos a produtividade, sem necessidade de aumentar rebanho e, principalmente, se diminuirmos o abate informal e clandestino, que hoje representa entre 30 e 40% das cerca de 45 milhões de cabeças abatidas no país anualmente”, afirmou. “O nosso crescimento será baseado em aumento de produtividade, manutenção dos mercados emergente e conquista de novos importadores”, acrescentou.
De acordo com Fonseca, a questão dos abates clandestinos será resolvida com o apoio do Ministério da Agricultura, que vai entrar pesado no assunto, com aumento de fiscalização. “Temos espaço para crescer e muito. O desafio agora está mais aqui do que no mercado externo. Precisamos manter uma visão de integração da cadeia produtiva, melhoria da produção, competitividade e formalidade, junto com melhoria genética e sanidade”, destacou.
A estimativa de crescimento do setor será divulgada aos empresários e imprensa estrangeira no dia 20 de outubro, em Paris, durante a Sial, uma das maiores feiras de alimentação e bebidas do mundo, que acontece a cada dois anos na França.
Sem crise
Na avaliação de Fonseca, a crise mundial pode favorecer o Brasil neste segmento. “Vamos crescer em cima do problema dos outros”, afirmou. O otimismo é justificado porque, segundo ele, no caso da Europa ter problemas com a produção de carnes, certamente vai precisar importar mais. “Se a crise for mais aguda vai cair o consumo na Europa e nos Estados Unidos. Mas como vai prejudicar a produção local, eles serão obrigados a importar, o que pode abrir espaço para o Brasil”, afirma.

