Marina Sarruf
São Paulo – A bailarina baiana Christiane Oliveira não tem nenhuma descendência árabe direta, mas ao aprender a dança do ventre se interessou tanto pela cultura que abriu a Casa Árabe Império de Nefis, em Aracaju, Sergipe, no mês de março deste ano. O espaço tem três ambientes decorados e oferece, além de uma escola de danças árabes, shows típicos, jantares e eventos com a culinária árabe.
"Minha paixão pela cultura árabe começou pela dança do ventre, depois fui me interessando pela culinária e me apaixonei também", afirma Christiane, que aprendeu a dança do ventre há uns sete anos, depois de ter feito aulas de balé, sapateado e bolero. Christiane é professora de dança do ventre na Casa Árabe e já morou por quatro meses nos Emirados Árabes Unidos, onde dançava em hotéis e restaurantes.
Após ter feito várias aulas e workshops de dança do ventre em São Paulo, Porto Alegre e Salvador, a bailarina ainda comprava fitas de vídeos egípcias e libanesas que mostravam os shows de danças árabes. "Assistia as fitas e depois imitava as bailarinas", conta Christiane. Ela abriu a primeira escola de dança do ventre em Aracaju, a Império de Nefis, em outubro de 2001. Mais tarde o espaço foi ampliado e tornou-se um centro de eventos árabes.
Uma vez por mês, Christiane decorava uma das salas da escola com almofadas coloridas no chão e montava a "Noite Egípcia", noite em que as alunas apresentavam aos convidados a dança do ventre. "Sempre sonhei em ter um lugar onde pudesse realizar as apresentações de dança das minhas alunas, mas não tinha muito espaço na escola", disse a professora.
Com a inauguração da casa, as alunas e as professoras ganharam espaço para os shows de dança. "A Noite Egípcia ainda continua na casa", completou. No novo espaço existe uma sala toda decorada com elementos egípcios, como almofadas, cortinas e mesas baixas. Nas paredes há pinturas do deserto e de camelos.
De acordo com Christiane, é difícil encontrar descendentes árabes no estado de Sergipe. As mulheres que procuram a escola normalmente são brasileiras sem nenhuma descendência, segundo a bailarina. "Nós somos um povo miscigenado, por isso o público se identifica e gosta muito da dança do ventre, que é bem alegre", afirmou a professora. Segundo ela, as brasileiras têm muita facilidade em aprender a dança.
Outro aspecto na cultura árabe que também agrada o povo nordestino é a culinária. A casa oferece um restaurante com pratos típicos da região, como por exemplo, o homus, babaganush, coalhada seca e chanclich (queijo árabe).
"Os pratos árabes parecem até pratos baianos por causa do sabor picante", disse Christiane. Para abrir o restaurante na casa, ela precisou contratar um chefe que entendesse um pouco da gastronomia árabe. Afinal, ela mesma acabou treinando os cozinheiros. "Os pratos têm uma boa aceitação aqui na casa", completou.
Nos países árabes
Em maio de 2003 Christiane foi convidada pela empresa brasileira, Belly Dance, que agencia dançarinas brasileiras para apresentarem shows nos países árabes, para ficar hospedada em um hotel de Dubai e trabalhar junto com outras dançarinas.
"Fui a segunda nordestina a assinar contrato com a Belly Dance e trabalhar como dançarina profissional nos Emirados. Foi maravilhoso", lembra Christiane. De acordo com ela, as dançarinas brasileiras são muito bem aceitas nos países árabes, principalmente nos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Catar. As bailarinas árabes, de acordo com Christiane, se concentram mais no Egito e no Líbano.
Christiane aproveita a vinda de brasileiras que trabalham com dança nos países árabes e passam o período do Ramadã no Brasil, para fazer workshops e apresentações na Casa Árabe Império de Nefis. "Sempre procuro trazer bailarinas brasileiras que moram lá pois traz mais qualidade aos nossos shows e é uma oportunidade para as alunas", completou a professora.

