Geovana Pagel
São Paulo – A Brasiliana, empresa de base tecnológica sediada em Fortaleza, Ceará, pretende implantar um projeto piloto para iniciar a produção e a exportação de diversos alimentos a partir da castanha do caju. Matéria-prima para a iniciativa é o que não falta. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de castanha de caju – perde apenas para a Índia – e hoje exporta a amêndoa para mais de 20 países.
O investimento necessário para o projeto é de aproximadamente R$ 600 mil. A disponibilidade potencial de matéria-prima (pedaços torrados de castanha de caju), somente no Brasil, é de 12.000 toneladas por ano.
De acordo com o economista Pedro Paulo Baima Dias, um dos colaboradores da Brasiliana, já foram iniciados contatos com investidores nacionais e internacionais para viabilizar o projeto. Vender para os países árabes também está nos planos. "Podemos crescer ainda mais se nos associarmos com um empresário árabe, por exemplo, que possa dispor de uma infra-estrutura para escoar a produção e de capital inicial", avalia.
Segundo Dias, o projeto tem recebido apoio de órgãos e entidades voltados para a ciência, tecnologia e inovação, como o Núcleo de Tecnologia Industrial (Nutec) da Universidade Federal do Ceará, da Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa (Funcap) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), entre outros.
Incentivos fiscais
Em abril deste ano também foi assinado um protocolo de intenções com o governo do estado do Ceará, para a empresa usufruir dos incentivos fiscais (isenção de ICMS) nas operações de vendas mercantis e na aquisição de máquinas e equipamentos no mercado nacional e externo, incluindo peças de reposição.
No âmbito do protocolo foram estabelecidos ainda benefícios de ICMS para compras no exterior de matérias-primas e de outros insumos a serem incorporados em produtos destinados à exportação.
Também na importação de equipamentos e outros insumos, mesmo que o desembaraço ocorra em portos situados em outros estados do país, são mantidos os benefícios já citados. Igualmente está incluído o apoio direto à infra-estrutura para o projeto. "É possível que o governo contribua com até 50% do investimento em infra-estrutura", explica o economista.
Produto inédito
Durante 36 meses, a Brasiliana permaneceu incubada na Universidade Federal do Ceará, por meio do programa Parque Tecnológico do Nutec. Nessa época, desenvolveu o creme da amêndoa da castanha de caju – produto inédito no mercado interno.
O creme, composto de aproximadamente 90% de amêndoas e 10% de outros ingredientes, é um complemento alimentar altamente energético: tem quase 30% de proteínas e 49% de lipídios, a maioria ácidos graxos polinsaturados. Seu consumo é semelhante ao da manteiga de amendoim – ou seja, poderá ser usado para passar no pão, bolo, bolachas, torradas, ou consumido puro.
Com a denominação comercial de pasta, sem ingredientes, o creme também terá uma versão light e será vendido a indústrias de chocolate, recheios, sorveterias, confeitarias, panificadoras e restaurantes.
O óleo da amêndoa da castanha de caju, parcialmente extraído no decorrer do processo de produção do creme light, será vendido para uso na culinária e gastronomia. Para a empresa, o produto poderá se tornar uma iguaria exótica. Outra opção de venda será junto à indústria farmacêutica e cosmética, nacional e internacional.
Já a farinha de castanha de caju poderá ser produzida de acordo com as necessidades de cada comprador, principalmente entre consumidores industriais, como confeitarias, padarias, restaurantes, fábricas de chocolate e sorveterias.
Incubadora
O gerente da incubadora do Parque Tecnológico do Nutec, Silvio Roberto Barreira, explica que o período de incubação da Brasiliana serviu para a empresa se graduar, ou seja, estar capacitada para viabilizar tecnicamente o projeto. Segundo ele, antes de iniciar esse período na Universidade, a empresa passou pela seleção, apresentando uma carta-consulta que provava o caráter inovador da idéia.
Depois, veio o plano de negócio para confirmar a viabilidade do negócio e a fase de implantação. Em seguida foi construído o protótipo do produto. A etapa seguinte foi destinada à comercialização do produto, analisando a aceitação, o tempo de prateleira, "tudo na própria incubadora". Então, finalmente, veio o processo de desencubação, quando foi revista toda a estratégia de viabilidade do negócio.
Só então a empresa recebeu a patente para o creme e o óleo, do Instituto Nacional da propriedade Industrial (INPI), e foi liberada para iniciar a fase de implantação da unidade.
A incubadora da UFC, criada há cinco anos, possui 11 empresas residentes e 5 graduadas. Trabalha com automação, polímeros (tecnologia de plásticos) e com a tecnologia de alimentos, que é o caso da Brasiliana.
Contatos
Brasiliana
E-mail: pierredias@yahoo.com.br
Tel: (+5585) 3094-3780
Responsável: Paulo Fernando Guilhon Dias
Núcleo de Tecnologia Industrial (Nutec)
Tel: (+5585) 287-5211

