Cláudia Abreu
São Paulo – Na passamanaria Chacur, loja de acessórios para cortina em São Paulo, os detalhes arrebatam o olhar. São pingentes, cordões e galões para cortinas e franjas para sofás e poltronas feitos artesanalmente, em teares manuais. As peças fazem sucesso no Brasil e no exterior, decoram castelos e hotéis na Europa e residências nos Estados Unidos. Um dos segredos, segundo Silvia Chacur, uma das proprietárias da fábrica, é mesclar o clássico – a passamanaria existe desde o século 16 – com as necessidades modernas e contemporâneas.
O resultado da mistura pode ser visto na última coleção da Chacur, feita para o mercado norte-americano. As peças são simples, sem muitos detalhes e têm pedras brasileiras, como quartzo verde e ametista. "Puro requinte, mas minimalista", define Silvia.
As exportações para os EUA começaram no ano passado, mas as negociações estavam em curso desde 2002. Para atender os norte-americanos, Silvia mudou um pouco a forma de trabalhar, passou a desenvolver coleções, uma por ano. Para isso, faz pesquisas, observa as tendências de cores, de moda, usos e costumes e cria.
No Brasil, a Chacur atende o público AA, as peças são personalizadas. O decorador – ou arquiteto – manda o projeto, as cores da cortina, do sofá, e Silvia desenvolve os pingentes, cordões e franjas. O valor varia de acordo com o material usado e os detalhes dos artigos. Não custa pouco.
Processo
Primeiro é feito o tingimento dos fios na cor pedida, depois os teares entram em ação. Nunca um projeto sai igual ao outro. Essa característica levou a empresa a conquistar clientes importantes na Europa. O mais recente é um renomado decorador francês que está trabalhando num hotel na Espanha e encomendou peças à Chacur.
Este ano os produtos da fábrica estarão também no francês Plaza Athené. "Para comemorar o ano do Brasil na França, uma suíte do hotel foi decorada com artigos brasileiros e nossas passamanarias foram usadas no ambiente", conta Silvia. As peças também decoram castelos na Alemanha e Inglaterra. Os clientes ilustres foram conquistados pelo pai de Silvia, Julio Chacur, que faleceu em março deste ano.
Ascendência árabe
A fábrica foi fundada em 1918 pelo imigrante sírio Wadih Chacur, que veio para o Brasil em 1908. Antes da passamanaria, ele tinha uma loja de roupas para senhoras no bairro da Barra Funda, na capital paulista. Atento às tendências, Chacur percebeu que faltavam fábricas de acessórios para cortinas e montou a empresa. Em 1945, seu filho, Julio, que trabalhava na empresa desde os 12 anos fazendo entregas, assumiu os negócios. Ficou no comando até o início deste ano. Com a morte do pai, Silvia e Magda Chacur, que já estavam na empresa, assumiram a fábrica.
As funções foram divididas: Silvia, uma "contente ex-advogada", como ela mesma se define, cuida da criação, das vendas e da produção. Anda pela fábrica sempre atenta aos detalhes, aos cortes, às linhas soltas. Ensina aos novos funcionários a arte da passamanaria e preserva na empresa gente que tem muito o que ensinar, como uma funcionária de 62 anos que trabalha na Chacur desde os 13. "É assim que a gente mantém a qualidade dos nossos produtos", afirma.
Silvia também é exigente com os fornecedores, segue os ensinamentos do pai. "Trabalho só com algodão, viscose e seda pura", explica. Poliéster e acrílico não entram na Chacur. Magda cuida das finanças e da parte administrativa.
Atualmente, a fábrica tem dez teares manuais e emprega 50 funcionários. Para este ano, a meta é aumentar as exportações, abrir novos mercados. Os países árabes estão nos planos da empresa. "Ainda não conhecemos os consumidores árabes. Estive no Oriente Médio nos anos 70 visitando familiares, mas acredito que o nosso produto será bem aceito lá, principalmente por ser artesanal", afirma Silvia.
Contato
Telefone: 55 + 11 3392 7500
Site: www.chacur.com.br
E-mail: chacur@chacur.com.br