Isaura Daniel
São Paulo – O Catar começou a ganhar visibilidade na balança comercial do Brasil com o mundo árabe. As exportações brasileiras para o país do Golfo cresceram 189% entre janeiro e novembro deste ano. O Brasil faturou US$ 38 milhões com vendas para o Catar nos onze primeiros meses de 2004. No mesmo período deste ano, as exportações alcançaram US$ 110,3 milhões.
O aumento das vendas de produtos como carne, minério de ferro e veículos pesaram nesta conta. Neste ano, o Catar comprou 514 ônibus Mercedes-Benz do Brasil. Os veículos, com chassis Mercedes-Benz e carrocerias Comil, foram adquiridos pela Mowasalat, uma das maiores operadoras de transporte público do país. Os veículos começaram a ser utilizados para transporte escolar neste ano.
No próximo ano, de acordo com informações da Mercedes-Benz, os veículos também serão utilizados para transporte público. Até a metade deste ano, o Catar não tinha sistema de transporte público. A locomoção da população era feita apenas por meio de automóveis próprios e táxis, de acordo com o embaixador do Brasil em Doha, Sergio Caldas Mercador Abi-Sad. Os ônibus eram utilizados apenas para transporte de funcionários de empresas.
O embaixador do Brasil em Doha lembra que as vendas de minério de ferro também colaboraram para aumentar as exportações. O Brasil vendeu, entre janeiro e outubro deste ano, US$ 20,1 milhões em minério de ferro para o Catar contra US$ 6,2 milhões no mesmo período de 2004. "E o crescimento das exportações de minério de ferro será ainda muito maior em 2006", diz Abi-Sad.
A mineradora brasileira Samarco fechou, no final de 2004, um contrato com a Qatar Steel Company (Qasco), siderúrgica estatal do Catar, para o fornecimento de 1,7 milhão de toneladas de pelotas de ferro até 2010.
Em 2006
O embaixador acredita que no próximo ano, as exportações brasileiras para o Catar chegarão aos US$ 200 milhões. A embaixada brasileira foi aberta em Doha no primeiro semestre deste ano e tem cumprido um papel importante na difusão de oportunidades de negócios entre o Brasil e o Catar. "Estamos estimulando os negócios", diz Abi-Sad. O embaixador acredita que se houvesse uma divulgação maior das oportunidades de comércio e investimentos entre os dois países, os negócios poderiam crescer ainda mais.
O Catar está em plena expansão da sua infra-estrutura e vem fazendo investimentos pesados no setor de construção, o que faz com que seja um potencial mercado tanto para fabricantes de material de construção quanto para construtoras brasileiras. "Tem tanta obra que as empresas de construção civil que estão aqui não aceitam mais pedidos", afirma o embaixador.
No mês de setembro, duas empresas brasileiras do setor de construção, uma delas a paulista Emigran Granites, participaram da Project Qatar, feira internacional de tecnologia, equipamentos, material de construção e preservação do meio ambiente, em Doha. De acordo com o embaixador, elas venderam o equivalente a US$ 400 mil na mostra.
Fonte de gás
O Catar é um potencial importador e tende a aumentar o seu consumo interno nos próximos anos. O país gasta cerca de US$ 13,15 bilhões com importações ao ano e tem sua renda em crescimento em função dos investimentos no setor de gás natural.
O Catar vai investir US$ 70 bilhões no setor de energia até 2012, além de US$ 15 bilhões em turismo e US$ 36 bilhões em obras de infra-estrutura. A renda per capital, hoje ao redor de US$ 40 mil, deve chegar a US$ 68 mil em 2010.

