São Paulo – A economia do Catar está se ajustando aos impactos causados pelo embargo imposto por países vizinhos no mês de junho, de acordo com material divulgado nesta quarta-feira (30) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma equipe do organismo, liderada por Mohammed El Qorchi, esteve em Doha de 13 a 20 de agosto.
Segundo declaração de Qorchi, o país registou forte contração nas importações em junho, de 40% sobre o mesmo mês do ano passado, mas elas tiveram uma leve recuperação em julho. O Catar vem trabalhando para diversificar suas fontes de importação e financiamento externo, além de acelerar o processamento doméstico de alimentos.
Os países que impuseram embargo a Doha são importantes parceiros comerciais. Além de cortarem relações diplomáticas, Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Egito suspenderam o trânsito de pessoas, mercadorias e veículos com o Catar. O agrupo acusa o país de apoiar grupos terroristas, o que o governo nega de maneira veemente.
O representante do FMI afirmou que houve resposta rápida das autoridades à situação. O país vem promovendo ajuste fiscal importante, com corte de despesas e aumento das receitas não petrolíferas. Neste ano, o Catar deve registrar crescimento de 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) não petrolífero. Apesar do avanço, o percentual é menor que os 5,6% do ano passado.
O déficit do governo central deverá cair para 5,9% neste ano, abaixo dos 8,8% de 2016. No ano que vem, o país seguirá com a consolidação fiscal, introduzindo novas medidas administrativas, como a maior racionalização das despesas e a introdução do Imposto de Valor Agregado (IVA). A melhora dos preços do petróleo deve ajudar a fortalecer a economia.
Para amenizar o efeito do problema entre as instituições financeiras, o Banco Central do Catar fez injeções de liquidez e aumentou os depósitos do setor público. “O setor bancário do Catar continua sólido, com alta qualidade de ativos e forte capitalização”, disse Qorchi. Segundo ele, as autoridades monetárias estão prontas para atender retiradas futuras de depósitos de não residentes do Catar. Já houve uma queda de recursos destas pessoas nos bancos.
Segundo o FMI, o problema diplomático poderá enfraquecer a confiança e reduzir o investimento e o crescimento do Catar e possivelmente de outros países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC). O governo do Catar aprovou uma estratégia nacional de desenvolvimento, com maior foco na diversificação econômica. O país também excluiu a necessidade de visto de entrada para 80 nacionalidades, inclusive a brasileira, para estimular o turismo, e criou novo status de residente permanente para estrangeiros.