Da Redação
São Paulo – Até 2010 o Catar pretende se tornar o líder mundial na indústria de GTL (sigla de gas to liquid), tecnologia que permite, através de um processo químico, transformar gás em outros produtos, como diesel e nafta, de maior valor agregado e que podem ser transportados e vendidos a granel. O Catar quer também se transformar no maior fornecedor mundial de gás natural liquefeito (GNL) até 2012.
Segundo o site árabe de notícias Albawaba.com, com este propósito o Catar assinou vários contratos com empresas multinacionais, como a sul-africana Sasol, a Chevron Texaco, a Exxon Mobil e a Shell, para a construção de refinarias de GTL na cidade industrial de Ras Laffan, no norte do país. De acordo com reportagem do Wall Street Journal, os investimentos nas refinarias podem chegar a US$ 20 bilhões.
O Catar tem a segunda maior reserva de gás natural do mundo, estimada em 25,5 trilhões de metros cúbicos. O país perde apenas para o Irã. A maior parte das reservas está localizada no chamado Campo Norte. O país está negocia ainda outros projetos na área com outras companhias, como a ConocoPhillips e a Marathon.
Um dos primeiros projetos iniciados, batizado de Oryx GTL, nasceu da de uma joint-venture entre a Qatar Petroleum, a Sasol e a Chevron. O empreendimento, avaliado em US$ 850 milhões, deverá estar pronto no início do próximo ano. Segundo o ministro da Energia e Indústria do Catar, Abdullah Bin Hammad Al-Attiyah, a refinaria será uma das mais avançadas do mundo. "Ela vai processar 9,345 milhões de metros cúbicos de gás por dia, e produzirá 34 mil barris de líquidos diariamente", afirmou o ministro recentemente.
Já o acordo com a Shell, assinado em Julho de 2004, prevê investimentos de US$ 5 bilhões em uma refinaria que deverá produzir 140 mil barris de produtos GTL por dia – principalmente nafta e combustíveis para transporte, e uma quantia menor de parafinas e óleos lubrificantes – além de grandes volumes de gás liquefeito de petróleo (GLP), parte integrante do processo.
A primeira fase do projeto deve entrar em operação entre 2008 e 2009 para produzir 70 mil barris de produtos GTL por dia. A segunda fase deve ser concluída dois anos depois da primeira.
O projeto em parceria com a Exxon Mobil, por sua vez, vai resultar na "maior unidade integrada exclusivamente para a produção de GTL", de acordo com Al-Attiyah. Serão investidos US$ 7 bilhões no empreendimento, que terá uma produção de 154 mil barris por dia. As operações estão previstas para começar em 2011.
Segundo informações da Shell, a conversão de gás natural em combustíveis líquidos é uma opção atraente para a comercialização das reservas de gás, especialmente em áreas remotas do mundo, onde o produto não pode ser levado aos consumidores por gasodutos. Segundo o ministro Al-Attiyah, a "tecnologia GTL simplifica a produção de combustíveis livres de enxofre e de alta performance e que são considerados uma solução viável contra a emissão dos poluentes".
Ele acrescentou que "com a demanda crescente por diesel de boa qualidade, os combustíveis GLT vão exercer um papel muito importante ajudando as refinarias a alcançar seus objetivos". O aumento da demanda por combustíveis mais limpos é a grande aposta do país.
Perfil
Localizado no Golfo Arábico, o Catar faz fronteira com a Arábia Saudita e com os Emirados Árabe Unidos ao Sul. O país tem um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 23,6 bilhões (estimativa de 2004), uma população de 700 mil pessoas e uma renda per capita que chegou a US$ 48 mil no ano passado, uma das maiores do mundo.
A economia do Catar é baseada na indústria de petróleo, gás e derivados, que responde por 80% das exportações. As exportações brasileiras para o país árabe chegaram US$ 41,5 milhões no ano passado, um aumento de 35,3% em relação a 2003. As importações, no entanto, somaram apenas US$ 13,9 mil.