São Paulo – A Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (Cepal) apresentou nesta quarta-feira (23) em Santiago, no Chile, novas previsões sobre o desempenho do comércio exterior da região. O relatório Panorama da Inserção Internacional da América Latina e do Caribe 2016 estima que o valor das exportações regionais vai cair 5% este ano. Será a quarta redução anual consecutiva.
Segundo comunicado da instituição, o recuo é resultado da menor demanda mundial pelos produtos da região e da crescente incerteza no cenário econômico. A queda, no entanto, será menor do que a registrada em 2015, que foi de 15%.
Na seara das importações, de acordo com a Cepal, está previsto um recuo de 9,4% em 2016, percentual semelhante ao ano passado, que foi de 10%.
O comércio intrarregional, por sua vez, deverá cair 10% este ano, um tombo maior do que o previsto para a transações da região com o resto do mundo. Isso, segundo a agência da ONU, ocorre também pelo quarto ano consecutivo, e é mais marcante no comércio entre os países da América do Sul.
A participação da América Latina e Caribe nas exportações mundiais de bens e serviços está estagnada em 6% há 15 anos, de acordo com a Cepal, e no caso de bens de alta tecnologia, serviços empresariais, financeiros e de telecomunicações, houve retrocesso em comparação com nações em desenvolvimento da Ásia, principalmente a China.
Diante deste panorama, a organização sugere uma resposta proativa dos países latino-americanos e caribenhos. “Devemos diversificar a estrutura produtiva da América Latina e do Caribe para impulsionar a recuperação econômica. É necessário continuar apostando na diversificação, nas cadeias de valor, nas cadeias produtivas como fundamento e na integração intrarregional, que hoje são mais necessárias que nunca”, declarou a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, segundo comunicado.
Nesse sentido, a agência recomenda diversificação e integração das economias da região, facilitação do comércio, maior convergência entre os blocos de integração, desenvolvimento de um mercado digital regional, implementação de um programa de infraestrutura, adoção de novas políticas industriais e comerciais, e “um grande impulso ambiental”.
Brasil
No Rio de Janeiro, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, fez uma análise semelhante sobre o comércio exterior do País. Embora o superávit da balança comercial já tenha ultrapassado os US$ 40 bilhões este ano e esteja rumo ao recorde de US$ 46 bilhões, ele declarou que este não é um fato a ser comemorado, pois o saldo positivo é resultado da forte queda das importações, o que decorre da fraca atividade econômica.
"Esse número não gera nenhum emprego, gera desemprego porque caíram as importações e caíram exportações. Ou seja, a atividade econômica diminuiu, então, diminuiu o emprego. Se fosse batido esse recorde, seria um recorde a não ser comemorado", disse o executivo na abertura do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), de acordo com a Agência Brasil.
Castro destacou que as vendas de produtos manufaturados ao exterior caem há cinco anos e defendeu a redução de custos das empresas para que as exportações não dependam de uma taxa de câmbio favorável. “Com o câmbio a R$ 4, o produto brasileiro seria competitivo. Mas nós estávamos fora do mercado internacional e, para entrar no mercado, tem que desalojar alguém. Nós não conseguimos desalojar os chineses, principalmente", declarou ele, segundo a Agência Brasil.
De acordo com o presidente da AEB, as exportações brasileiras deverão cair de 2% a 3% este ano, sendo que os embarques de manufaturados terão redução de 1% a 1,5%.
Para o período de 2017 a 2010, a Cepal espera um crescimento médio anual de 2,9% nas exportações da América Latina e Caribe, e de 3,1% nas importações.


