São Paulo – A Cerealpar, corretora de grãos com sede em Curitiba, capital do estado do Paraná, fez de Malta um hub para o comércio de mercadorias agrícolas do Brasil com os países do Norte da África. O arquipélago europeu fica no Mar Mediterrâneo e de um dos terminais de grãos locais, o Kordin Grain Terminal, a empresa paranaense costuma enviar commodities produzidas pelo agronegócio brasileiro para o mercado árabe africano.
“Um dos problemas de vários portos na região do Norte da África é que ainda não têm estrutura para receber grandes navios graneleiros do tipo Panamax, com 65 mil toneladas de grãos”, afirma o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Cerealpar, Steve Cachia. Como o Kordin Grain Terminal tem capacidade estática de 90 mil toneladas e fica, por exemplo, a apenas 300 quilômetros da Tunísia, a corretora envia navios de grande capacidade até Malta e de lá faz o transbordo ao Norte da África em embarcações menores.
Cachia, que mora no Brasil há 25 anos mas é natutal de Malta, foi nomeado em fevereiro deste ano consultor do Kordin Grain Terminal. No terminal, conta ele, também pode ser feito o armazenamento de grãos, caso o importador queira adiantar compras para aproveitar uma baixa de preços ou para se prevenir de uma menor disponibilidade ou escassez de um produto. “Usando um terceiro país acreditamos conseguir viabilizar a aproximação entre o Brasil e os países do Norte da África”, disse ele para a ANBA.
A Cerealpar atua na comercialização de grãos no mercado físico, tanto no mercado interno e internacional. A empresa negocia com compradores e vendedores no Brasil e exterior e dá consultoria. Além do fechamento do negócio, ela acompanha o processo inteiro, desde a logística até o pagamento, e fornece informações aos clientes como tendências de preços e comportamento dos mercados.
O foco principal da corretora é o mercado interno de soja e milho, mas ela vem diversificando os negócios com a exportação. A maioria dos embarques ao exterior é de milho, soja e farelo de soja, mas também são feitos negócios com óleo de soja, sorgo, trigo ração e caroço de algodão. A empresa trabalha com pelo menos 20 países. No mundo árabe eles são Arábia Saudita, Argélia, Emirados Árabes, Jordânia, Líbia, Marrocos e Tunísia.
“Buscamos esta triangulação para abrir portas nos países árabes”, afirma Cachia, sobre os negócios feitos via Malta. Sendo o arquipélago europeu um novo centro financeiro de localização estratégica e tendo laços históricos e tradicionais com o Norte da África, a Cerealpar acredita que fica mais fácil mapear a demanda que segue crescendo no mundo árabe por meio do país. De acordo com Cachia, Argélia e Tunísia foram os primeiros na região a mostrar interesse pelo trabalho da corretora, e Tunísia e Líbia são os mais interessados em usar Malta como hub ou centro.
Cachia ressalta que o comércio de grãos do Brasil com os países árabes tem crescido, mas que ainda existe uma desconfiança mútua, diferenças culturais e falta de tradição no comércio de todo o bloco sul-americano e do Oriente Médio e Norte da África (Mena). “Aos poucos isso está sendo quebrado”, afirma, complementando que a base da Cerealpar em Malta será um pontapé inicial, neutro, para avanço posterior dos negócios. “Quando apresentamos o Brasil através deste modelo de hub, sentimos uma confiança maior, pelo menos para as primeiras aproximações”, afirma o diretor de Desenvolvimento de Negócios.
Segundo ele, a explosão do Brasil como grande fornecedor mundial de grãos e mudanças geopolíticas e econômicas na região do Mena estão resultando em crescimento dos negócios. “Em 2015, por exemplo, países como o Egito viram suas importações do milho do Brasil crescer 138%, a Arábia Saudita 64%, a Argélia 34% e a Tunísia 19% para citar apenas alguns países. No caso da soja também houve incremento nas importações do Brasil, sendo o Egito com aumento de 58%, a Arábia Saudita 40% e a Tunísia 6%. As importações de farelo brasileiro por parte de países do Norte da África e Oriente Médio não foram diferentes. Arábia Saudita importou 241% a mais no ano e Egito e Jordânia, que não tinham comprado farelo brasileiro em 2014, acabaram efetuando compras importantes”, diz.
A Cerealpar também vem conquistando espaço no exterior como fonte de informação sobre o mercado mundial de grãos. Cachia já fez palestras no Brasil e em várias partes do mundo, como França, Estados Unidos, Paraguai, Emirados, Indonésia, Cingapura, Malta e Panamá. Muitas dessas participações em fóruns, congressos e seminários, aliás, permitiram à Cerealpar ter contato com representantes do agronegócio do mundo árabe.
Mais sobre a Cerealpar
Além da intermediação dos negócios, a Cerealpar tem acordos com corretoras na Bolsa de Chicago e com a BM&FBovespa e direciona clientes para proteção contra flutuação e volatilidade de preços. Ela também atua em leilões de grãos do governo brasileiro e é sócia na operadora portuária Grano de Paranaguá, que viabiliza exportações pelo Porto de Paranaguá, e na produtora de fertilizantes químicos Frankental.
A Cerealpar foi criada em 1989 por quatro sócios, profissionais com experiência como brokers de mercado físico, traders em cooperativas, operadores portuários e corretores no mercado financeiro. “Sentindo que o mercado estava prestes a entrar em um novo ciclo de expansão e com um maior número de players no mercado, decidiram juntar forças”, relata Cachia. Hoje a corretora tem cerca de 50 colaboradores e mantém escritórios em Cuiabá, Lucas do Rio Verde e Sinop, no estado do Mato Grosso, em Rio Verde, em Goiás, além da matriz em Curitiba.
Contato:
Cerealpar
Telefone: + 55 (41) 3213 1100
Site: http://www.cerealpar.com.br/