Isaura Daniel
São Paulo – O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, desembarcou no Cairo, capital do Egito, na sexta-feira (07) para participar como convidado especial de uma reunião ministerial da Liga dos Estados Árabes. Um dos temas previstos na agenda do chanceler brasileiro era a realização da reunião de cúpula dos chefes de estado dos países sul-americanos e árabes, programada para ocorrer em dezembro no Brasil.
De acordo com o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Michel Alaby, na reunião de dezembro devem ser discutidos futuros acordos de livre comércio e investimentos diretos entre as duas regiões.
Alaby lembrou que em sua viagem às nações árabes, no ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou um diálogo de cooperação comercial e política com os países da região, levando em conta que os dois blocos poderiam ser aliados em fóruns internacionais.
O encontro em si foi idealizado por Lula. Já o ministro das Relações Exteriores do Líbano, Jean Obeid, sugeriu, numa reunião ministerial anterior, que o assunto fosse colocado na pauta de discussões da Liga, conforme compromisso assumido pelo presidente libanês, Émile Lahoud, quando ele esteve no Brasil em fevereiro.
Os países da Liga Árabe vêm crescendo como destinos das exportações brasileiras. No primeiro trimestre deste ano, o Brasil exportou para lá o equivalente a US$ 892,2 milhões, contra US$ 571 milhões registrados no mesmo período de 2003.
Convite e Mercosul
Amorim tinha encontros oficiais previstos com o ministro do Comércio Exterior do Egito, Youssef Boutros Ghali, e com o chanceler egípcio, Ahmed Maher. Ele viajou ao país também com a missão de levar um convite do presidente Lula ao seu colega, Hosni Mubarak, para participar da Cúpula do Mercosul, que vai ocorrer, também em dezembro, na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais.
É que o Egito está interessado em fechar um acordo de livre comércio com o Mercosul. A intenção é aumentar o fluxo comercial entre o país árabe e o bloco sul-americano, com o estabelecimento de tarifas de comércio exterior diferenciadas.
No ano passado, quando foi assinada uma carta de intenções sobre o assunto, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, garantiu que o acordo com o país do norte da áfrica sairia ainda este ano.
Exportações
O Egito tornou-se o maior comprador de produtos brasileiros entre as nações árabes nos primeiros três meses do ano, com importações no valor de US$ 170 milhões. Até o ano passado, a Arábia Saudita era o principal destino das exportações nacionais para os árabes e o Egito figurava em terceiro lugar. A principal mercadoria exportada para os egípcios é a carne bovina, seguida de minério de ferro e açúcar.
"Além do intercâmbio comercial, um acordo com o Egito pode trazer resultados efetivos nos esforços pela eliminação de subsídios no comercio mundial, visto que Egito, Brasil e Argentina são membros do G-20", disse Michel Alaby. A CCAB está preparando um documento com uma série de informações sobre o Mercosul para encaminhar ao governo do Egito.
Na reunião entre os chanceleres árabes também estava prevista a discussão de uma reforma da Liga, para promover uma atuação conjunta mais forte dos países da região, além da agenda e data da próxima Cúpula Árabe, que deveria ter ocorrido em março na Tunísia, mas acabou sendo cancelada. Os conflitos na palestina e no Iraque também seriam discutidos no encontro.

