São Paulo – Há pouco mais de um mês o sírio Hatem Masri voltou a vender suas shawarmas, quibes, charutos de folha de uva e outras especialidades árabes em um contêiner localizado na Avenida Brigadeiro Faria Lima, um dos mais importantes centros comerciais de São Paulo. Por meses ele esperava retomar os trabalhos, interrompidos pela troca de gestão na prefeitura da capital paulista.
A Cozinha Masri antes atendia a clientela que circulava pela Avenida Paulista, outro centro comercial – e turístico – relevante de São Paulo. O sírio ocupava uma barraca na Feira Gastronômica, próxima ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), que foi fechada. Foram quase oito meses parado até encontrar o novo local.
O espaço, recém-inaugurado, é uma espécie de praça de alimentação a céu aberto, com grandes mesas espalhadas e os restaurantes ocupando contêineres.
O tempo parado, porém, não é nem de longe a pior dificuldade enfrentada por Masri, que cresceu em Damasco, onde se formou em Gastronomia. Ele foi sequestrado e mantido refém pelo Estado Islâmico por 20 dias, durante a guerra civil que já dura seis anos na Síria.
“Estava andando na rua quando um carro parou e me pegou. Fiquei rodando com olhos vendados, não sei onde fui parar. Fiquei uns vinte dias com eles. Escapei porque consegui fugir com mais três pessoas”, contou o sírio. Segundo ele, os soldados do EI perceberam o movimento e foram atrás dos reféns em fuga, que acabaram encontrando soldados do exército sírio – aí começou um tiroteio. “Fui baleado na perna direita. Dois dos que escaparam comigo acabaram morrendo no conflito”, disse.
Masri tinha na época familiares em São Paulo. Um tio ficou sabendo do ocorrido com ele na Síria e ajudou com a mudança. Ao chegar, sem saber português e com o diploma de gastronomia sírio inválido aqui, foi trabalhar com um árabe na rua Santa Ifigênia, tradicional ponto de venda de eletrônicos da capital paulista. “Esses oito meses que trabalhei na Santa Ifigênia ajudaram com o aprendizado da língua”, contou.
Com ajuda de conhecidos, o sírio se mudou para Mogi das Cruzes, próximo à capital, onde virou chef de um restaurante especializado em panquecas. Tempos depois, resolveu empreender e escolheu abrir um negócio focado na cozinha árabe.
Segundo Masri, o diferencial de seu restaurante são os temperos, todos importados da Síria. “Trago tudo de lá e faço eu mesmo o preparo”, disse. No novo local, emprega dois funcionários brasileiros. “Ainda estamos na fase de divulgação do espaço. O movimento ainda está devagar, mas estamos lutando para dar certo”.
O Faria Lima Blocks, local onde está instalada a cozinha do sírio, oferece também restaurantes de hambúrguer, cachorro-quente, comida italiana e cervejas, entre outros. Fica aberto de domingo a quinta-feira, das 9h às 23h, e às sextas-feiras e sábados das 9h à 0h. Além do restaurante, que também atende delivery, o sírio faz eventos e casamentos.
Serviço
Cozinha Masri
Faria Lima Blocks – Avenida Brigadeiro Faria Lima, 4433
De domingo a quinta-feira, das 9h às 23h. Sextas e sábados, das 9h à 0h.
Mais informações: https://www.facebook.com/Cozinha-Masri-501534513518868/