São Paulo – “Não tenho dúvida que só com a ciência e a tecnologia vamos conseguir realmente alimentar mais de 8,5 bilhões de pessoas no mundo”, disse nesta quarta-feira (21) o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti (foto acima), durante discussões sobre segurança alimentar no Fórum Econômico Brasil & Países Árabes.
Moretti abriu o painel do fórum sobre o tema, juntamente com o diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (INRA) do Marrocos, Faouzi Bekkaoui. Ao frisar a essencialidade das pesquisas, Moretti falava sobre a projeção de aumento de população, urbanização, longevidade e padrões de consumo em 2030, quando o mundo deverá ter 8,5 bilhões de pessoas, quase 1 bilhão a mais de pessoas do que atualmente.
Segundo Moretti, em 2030 o mundo precisará de volume 35% maior de alimentos, 40% maior de energia e 50% maior de água. A Embrapa fez estudo sobre o futuro da agricultura brasileira. Ele leva em conta a variáveis como sustentabilidade, nutrição, gestão de risco, agricultura 4.0, que devem observadas na agricultura. De acordo com o presidente da Embrapa, com a covid-19 foi reforçada a importância de questões como a sanidade e a rastreabilidade na produção, entre outros.
A Embrapa, com suas pesquisas, teve papel crucial no desenvolvimento da agricultura brasileira e na transformação do País de um importador de alimentos a exportador. “O Brasil conseguiu desenvolver uma agricultura tropical baseada na ciência”, disse Moretti. O presidente da Embrapa listou também uma série de sistemas e ações de sustentabilidade utilizadas pela agricultura brasileira.
No Marrocos o INRA faz um trabalho parecido ao da Embrapa, focado em desenvolver agricultura resiliente, sustentável e competitiva, segundo Bekkaoui. No fórum, o diretor contou sobre vários resultados e trabalhos em andamento, como a melhoria genética de cultivares que convivam com a escassez das chuvas e que sejam resistentes ao alto teor salino do solo marroquino.
O INRA também desenvolveu mapas de adaptabilidade para sete milhões de hectares indicando as culturas apropriadas para essas áreas, mapa de fertilizantes indicando quantidades necessárias de adubos nelas, trabalha com os efeitos das mudanças climáticas, com o desenvolvimento de palmeiras, tem trabalhos voltados para o monitoramento de pastagem, para a racionalização de recursos hídricos e uso de sistema de irrigação de baixa pressão, melhoria e maior produção de ovinos e caprinos, entre outros.
Bekkaoui disse que o instituto tem várias parcerias internacionais e está aberto a novas cooperações. O INRA conclui neste ano o seu Plano Verde e fará novo plano, chamado de Plano Geração Verde, voltado para iniciativas justas socialmente, competitivas economicamente para o desenvolvimento de agricultura moderna, baseada em investimento privado, e responsável ambientalmente.
O Fórum Econômico Brasil & Países Árabes é promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira com a parceria com a União das Câmaras Árabes e Liga Árabe. Ele começou na segunda-feira (19) e termina nesta quinta-feira (22).
Acompanhe a cobertura completa do fórum no site da ANBA.