São Paulo – Com a Europa em baixa, o Brasil é o destino mais promissor para investimentos internacionais. Esse foi o cenário apresentando pelo governo federal brasileiro na abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2022, que ocorre nesta terça-feira (14) e quarta-feira (15) em formato híbrido com organização da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e governo federal.
Tanto o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçaram a tese. “Por que temos aqui 15 embaixadores? Porque o que está sobrando é o Brasil”, disse Bolsonaro sobre o fato de o país ser alternativa atual para investidores estrangeiros. “A Europa, respeitosamente, por problemas de gás, energia e a proximidade do conflito, passa a ser uma terra não muito confiável para se investir. Sobrou o quê? O Brasil”.
Guedes disse que o mundo é um mar turbulento que não deve melhorar tão cedo e sim piorar. Segundo ele, três fatores levaram a isso, descritos por ele como choques colossais. Além da pandemia da covid-19 e da guerra da Rússia, ele citou a subida dos salários na Ásia, que até então era uma alternativa para produção barata. “Os salários estão subindo no mundo todo, você tem essa inflação”, disse. Guedes afirmou que não tem dúvida que haverá recessão na Europa e Estados Unidos.
Para Guedes, nesse ambiente há oportunidades para o Brasil e os requisitos para atração de investimentos são a proximidade, por questões logísticas, e ser país amigo. “Estamos sob ventos turbulentos, lá fora o mar é turbulento e vai piorar, agora tem o lado bom que é o Brasil, o Brasil é a maior fronteira de investimentos”, disse. Falando das economias da Europa e dos Estados Unidos, Guedes disse que não existe “pouso suave para eles” atualmente. “Enquanto isso você tem o Brasil, ao contrário, começando a decolagem de novo”, falou.
Falando após o ministro da Economia, Bolsonaro relacionou ao lockdown o problema da inflação mundial. “Quem mandou o povo ficar em casa, determinou, não fui eu. Eu tinha poderes para fechar o Brasil todo, (mas) uma decisão lamentável do Supremo Tribunal Federal tirou de mim a possibilidade de conduzir as questões da pandemia”, falou. “Talvez eu tenha sido o único chefe de estado do mundo que foi contra o lockdown”, afirmou. “Isso afetou a economia brasileira. A guerra a dez mil quilômetros de distância afeta também”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro falou no fórum de outras questões internacionais, como o fornecimento de fertilizantes. Ele disse que “apanhou muito” da mídia quando foi conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. “Eu quero a paz, temos 600 mil ucranianos no Paraná, mas eu sou presidente do Brasil”, disse. Bolsonaro abordou também as cobranças ambientais. “Quando pega foto num pedaço do Pantanal ou numa orla da região Amazônica, o mundo cai na minha cabeça, mas com que interesse isso daí? Por que o mundo cai na cabeça da gente? Interesse econômico de um grande país da Europa em especial, cujo presidente foi reeleito agora, que tem suas commodities e quer evitar a concorrência, nos deixar sempre num canto”, afirmou.
O Brasil
Além de Bolsonaro e Guedes, também falaram na abertura do fórum o chanceler brasileiro, Carlos França, o presidente da ApexBrasil, Augusto Pestana, e o presidente do BID, Mauricio Claver-Carone. França disse que a economia mundial atravessa um momento de grandes desafios e que as pressões protecionistas se intensificam, e descreveu a linha atual do trabalho diplomático brasileiro. Pestana falou do trabalho da ApexBrasil pela internacionalização das empresas e a atração de investimentos.
Claver-Carone descreveu o cenário brasileiro para investimentos de maneira extremamente positiva. O presidente do BID disse que o Brasil concentra várias soluções em uma só região do mundo. Ao longo do seu discurso, ele citou várias áreas que vê como promissoras no País, tais como sustentabilidade, tecnologia agrícola, digitalização, tecnologia da informação, serviços profissionais e empresariais, energia, agricultura, recursos naturais. “A América Latina e o Caribe, em particular o Brasil, estão bem-posicionados para ajudar a aliviar os fatores de stress no cenário internacional”, falou.