Da redação
São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou ontem no início da tarde para Damasco, capital da Síria, onde começa a viagem oficial de oito dias por cinco países árabes. De acordo com informações do Palácio do Planalto, acompanham o presidente os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Ciro Gomes (Integração Nacional), Walfrido Mares Guia (Turismo) e o general Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional).
Também fazem parte da comitiva, que terá cerca de 200 pessoas, o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, e os governadores de Goiás, do Ceará, Espírito Santo e Rio Grande do Norte, além de senadores e deputados.
Lula chega a Damasco por volta das 9 horas (horário local) e, em seguida, vai ao Palácio do Povo, onde se reúne com o presidente Bashar Al-Assad. À tarde, encerra um seminário sobre negócios e investimentos e, à noite, participa de jantar oferecido por Al-Assad a ele e à primeira-dama Marisa Letícia, que também acompanha Lula na viagem.
No dia 4, Lula visita a mesquita dos Omaiades, uma das maiores do mundo, e se encontra com membros da comunidade brasileira na Síria. À tarde, embarca para Beirute, capital do Líbano, informou o Planalto. O roteiro da viagem inclui ainda visitas aos Emirados Árabes Unidos, ao Egito e à Líbia. O giro pelo Oriente Médio e Norte da África termina em 10 de dezembro, por volta das 18h30. Lula deve chegar ao Brasil no dia 11.
Os países que serão visitados foram escolhidos, principalmente, em razão da importância econômica para o Brasil e da proximidade cultural. No ano passado, essas cinco nações, que respondem por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Oriente Médio e Norte da África, compraram quase a metade das exportações brasileiras para os países árabes. Além disso, sírios e libaneses foram os primeiros imigrantes da região a chegar ao Brasil, no final do século 19, e hoje formam boa parte da comunidade árabe em solo nacional.
Olhar para os lados
Em entrevista a agências internacionais, jornalistas árabes e à ANBA, na semana passada, Lula afirmou que um dos principais objetivos da visita é aumentar a integração entre os países árabes e a América do Sul. A iniciativa faz parte de uma estratégia mais ampla do governo federal de aproximar os países em desenvolvimento.
"Espero que possamos fazer com que a América do Sul, em vez de apenas olhar para a Europa, olhe um pouco mais para a direita e um pouco mais para baixo para ver que existe mais gente, mais países. E que o mundo árabe olhe um pouco para cá, olhe um pouco para baixo dos Estados Unidos, para ver que há um continente importante, que há um país importante que tem uma grande relação de amizade com os árabes", declarou, na ocasião.
O presidente também pretende manter conversas para consolidar a realização de uma reunião de cúpula entre os chefes de Estado do Oriente Médio, Norte da África e da América do Sul, proposta por ele para ocorrer no início de 2004.
Empresários
Negócios também estão na pauta. Além de acordos de cooperação – que devem ser assinados em todos os países visitados, de acordo com o próprio Lula -, espera-se que os cerca de 150 empresários que viajarão com o presidente aproveitem para iniciar contatos com as companhias locais.
Segundo o Itamaraty, em torno de 40 empresários brasileiros devem se reunir com 100 firmas locais em todos os países visitados. Além disso, em Dubai, centro comercial dos Emirados Árabes, acontecerá a Semana do Brasil (Brazilian Week & Trade Exhibition), organizada pela Agência de Promoção de Exportações (Apex) e pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB). A Apex informou que, até ontem (2) havia mais de 100 empresas cadastradas para participar da feira, que vai de 7 a 9 de dezembro.
A visita vem gerando expectativas dos dois lados. Principalmente porque é a primeira viagem de um presidente brasileiro no exercício do cargo a países árabes. O último governante brasileiro a ir à região foi Dom Pedro 2.º, e ainda assim numa viagem particular.
Daqui para frente, o governo federal e a CCAB estimam que as exportações brasileiras para o Oriente Médio e Norte da África possam passar dos US$ 7 bilhões até 2006. No ano passado, as vendas ficaram em US$ 2,6 bilhões, o que correspondeu a pouco mais de 4% do que o Brasil exportou no período e a apenas 1,5% de tudo o que os 22 países árabes importaram.