São Paulo – O comércio do Brasil com os países árabes somou US$ 8,3 bilhões no primeiro semestre, um aumento de 31% sobre o mesmo período do ano passado. O número é resultado de exportações brasileiras de US$ 5 bilhões, um avanço de 16,12% na mesma comparação, e de importações de US$ 3,3 bilhões, um crescimento de 62%. Os dados foram divulgados hoje (15) pelo presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, em entrevista coletiva na sede da entidade, em São Paulo.
“Com certeza a redução da crise [financeira internacional] foi um dos fatores primordiais para que esse número fosse atingido”, disse Schahin sobre as exportações brasileiras. Outros fatores, segundo ele, foram os esforços do governo, dos exportadores e da própria Câmara Árabe, que realiza uma série de ações para promover o Brasil no mundo árabe e vice-versa. (Veja abaixo vídeo da entrevista)
As vendas brasileiras foram puxadas principalmente pelos países árabes do Golfo, que importaram o equivalente a US$ 2,75 bilhões, um avanço de 24% em comparação com o primeiro semestre de 2009. Os principais mercado no período foram Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Argélia e Marrocos.
O gerente de desenvolvimento de mercado da Câmara Árabe, Rodrigo Solano, ressaltou que a pauta de exportação continua muito concentrada em itens como carnes, açúcar e minério de ferro. Ele destacou, porém, setores em que o Brasil é bastante competitivo e nos quais a demanda árabe é maior do que a média mundial, como moda, alimentos, além de produtos e serviços para a área de construção.
As exportações de itens do agronegócio renderam US$ 3,4 bilhões, um aumento de 17,2% sobre os primeiros seis meses do ano passado. Os árabes respondem por quase 10% de tudo o que o setor agropecuário brasileiro exporta. No caso das vendas externas totais, a participação do mundo árabe é de 5,6%. Como bloco, ele é o quarto principal destino dos embarques do país.
Investimentos
Schahin destacou que o agronegócio é o setor onde os árabes têm maior interesse em investir no Brasil. “Como importam muitos alimentos, eles têm interesse em investir”, declarou. Ele destacou que as ações de promoção feitas pelo governo e iniciativa privada nos últimos anos “fizeram o Brasil entrar no radar dos países árabes”.
De acordo com estimativas apresentadas por Solano, os árabes devem investir US$ 29 bilhões no exterior este ano, e podem receber investimentos externos no valor de US$ 57 bilhões.
Para atrair os investimentos, porém, Schahin disse que o Brasil “tem que saber vender as oportunidades”, seja no agronegócio, na área de infraestrutura, ou nos empreendimentos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. “Existem ‘n’ oportunidades no mundo. Se não formos aos mercados fazer com que eles venham a nós, não teremos resultados”, destacou.
Nesse sentido, ele disse que a Câmara vai promover uma série de atividades no segundo semestre, incluindo participação em feiras no mundo árabe, missão comercial em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior e missões de prospecção de investimentos. Ele acredita que as exportações para o mundo árabe devem fechar o ano com avanço entre 10% e 15%.
Petróleo
O Brasil obteve um superávit de quase US$ 1,7 bilhão no comércio com os árabes no primeiro semestre, apesar do avanço expressivo das importações. De acordo com Solano, foi o segundo maior saldo semestral desde 2003.
O saldo da balança bilateral costuma variar muito porque o principal produto importado pelo Brasil da região é o petróleo. Do ano passado para cá, houve aumento de preço da commodity, daí o crescimento do valor das importações.
Schahin destacou que a quantidade de petróleo importada depende da produção brasileira, “mas o volume tende à queda, enquanto o preço tende à alta”. Além do preço, a demanda mundial por petróleo deve crescer. Por isso, em sua avaliação, “o poder de compra dos países árabes tende a aumentar”.