São Paulo – Quem exporta café brasileiro tem motivos para sorrir em 2011. As vendas para o exterior estão em alta e devem continuar assim pelos próximos meses. Mesmo com os grandes importadores do produto em crise, as perspectivas para o setor são positivas. Os principais motivos, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), são a demanda mundial em alta e a quebra de safra em outros grandes produtores, como Colômbia e países da América Central. Os preços da commodity também ajudam.
De acordo com o gerente de tecnologia do Cecafé, Eduardo Heron, a demanda mundial cresce cerca de 1,5% ao ano. “Os grandes importadores mundiais descobriram que o Brasil é um parceiro confiável”, diz Heron.
O preço do café negociado na bolsa de Nova York está em alta este ano. A saca de 60 quilos foi cotada em junho a US$ 176,56. No mesmo período do ano passado, a saca era vendida a US$ 126,91. A saca de cafés finos, que têm qualidade superior e menos impurezas, atinge até US$ 260.
Preços e exportações em alta fazem o setor prever crescimento de receita. Segundo Heron, o faturamento com exportações neste ano deverá atingir US$ 8,4 bilhões e o total de sacas exportadas deverá variar entre 32 milhões e 33 milhões. Nem a crise que atinge países da Europa, Japão e Estados Unidos afetaram as vendas. “Os consumidores internacionais pararam de tomar café na cafeteria, mas agora compram no supermercado. Eles continuam a consumir a bebida”, observa Heron.
Os maiores importadores do café brasileiro são Estados Unidos, Alemanha, Itália, Bélgica e Japão. Entre os países árabes, o principal comprador do produto entre janeiro e junho deste ano foi a Síria, seguida pelo Líbano. Juntos, os dois países são responsáveis por 58% de todo o café comprado pelos árabes. Embora o Oriente Médio e o Norte da África não sejam os maiores compradores, as vendas avançam aos poucos.
Entre janeiro e junho de 2008, os países árabes compraram 397.136 sacas de café do Brasil. Em 2009 o total comprado aumentou mais de 60% e atingiu 657.454 sacas. A venda caiu para 552.361 sacas em 2010 e voltou a subir no primeiro semestre deste ano, para 579.855 sacas. Segundo Eduardo, os anos em que as vendas foram menores são aqueles em que a produção de café brasileiro é menor por causa da bianualidade da cultura. As safras oscilam ano a ano por causa do ciclo das plantas. “As exportações para os países árabes crescem conforme a nossa oferta de café”, observa Heron.
Embora o momento seja bom para quem exporta, ainda não é possível dizer se em 2012 as vendas continuarão no mesmo patamar ou se crescerão. O dólar fraco e o real forte ameaçam as vendas. “É quase insustentável exportar com o dólar desvalorizado”, diz Heron.