São Paulo – O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) está buscando apoio de empresas e fundações no Brasil para o seu trabalho de ajuda a regiões do mundo que vivem conflitos armados ou guerras. O especialista em Filantropia da instituição internacional, Bruno Nascimento de Paula, esteve na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na capital paulista, nesta segunda-feira (4), como parte de iniciativa da CICV de se apresentar ao setor privado e engajá-lo nas suas campanhas humanitárias.
Bruno foi recebido pelo secretário-geral e vice-presidente de Relações Internacionais, Mohamad Mourad, a vice-presidente de Comunicação e Marketing, Silvia Antibas, e os diretores Claudia Haddad e Arthur Jafet.
Segundo Bruno, o objetivo da visita foi iniciar um relacionamento com a Câmara Árabe em que a instituição também ajude o CICV a conhecer novas empresas que já realizam ou têm interesse de iniciar um trabalho social apoiando o comitê em suas missões humanitárias. “Como nós temos muitas missões ativas atualmente no mundo árabe, então nós temos essa sinergia, existe naturalmente essa sinergia”, afirma Bruno. Duas das maiores missões humanitárias atuais do CICV são em dois países árabes: o Iêmen e a Somália. “São países pequenos, mas que têm uma demanda humanitária gigante”, relata o especialista.
Bruno, que é parte do escritório do CICV em São Paulo, apresentou o trabalho do comitê para os representantes da Câmara Árabe. O CICV tem sua delegação regional lotada em Brasília e a equipe no Brasil responde para a sede global em Genebra, na Suíça. Existe no Brasil também a Cruz Vermelha Brasileira, que é parte do mesmo movimento que o CICV, mas as duas não são a mesma organização. O CICV atua apenas em conflitos armados e guerras.
De acordo com o especialista em Filantropia do CICV, o comitê trabalha com duas frentes principais. Uma delas é limitar o sofrimento humano durante a guerra, com base nos direitos humanos. Faz parte disso realizar ações diplomáticas para relembrar as lideranças e pessoas com alguma ingerência nas regiões em conflito o compromisso que assumiram nas Convenções de Genebra de 1949, que incluem a proteção às vítimas e populações das regiões em conflitos.
A outra frente de atuação do CICV é a assistência humanitária em si. “Não médica apenas, mas também a gente trabalha com água, saneamento, a gente trabalha com reabilitação física, apoio psicológico, reinserção no mercado de trabalho, sempre respondendo às necessidades específicas de cada comunidade em que atuamos”, relata Bruno.
O CICV está presente atualmente em mais de 100 países. “Em algumas situações, em alguns locais, a única organização humanitária presente é o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. A gente consegue ter acesso a algumas áreas por conta da neutralidade da organização. Então a gente opta em falar com todos os lados envolvidos para a gente conseguir ter acesso. Se a gente falasse apenas com um dos lados, o outro poderia impedir o acesso, não é o que a gente faz, a gente sempre trabalha para conseguir chegar às pessoas que mais necessitam”, diz Bruno.
Como colaborar com a Cruz Vermelha
Interessados podem colaborar com o trabalho do CICV doando através de mecanismos disponibilizados no site. O CICV faz campanhas, mas não é possível destinar o dinheiro para um projeto específico, já que a doação é feita de forma geral ao comitê, que a partir de Genebra vai direcionar o recurso aos projetos mais urgentes, em andamento ou que surjam de última hora. De acordo com Bruno, só é possível direcionar a doação para uma campanha específica caso sejam grandes valores. As empresas doadoras passam por uma análise para ter certeza de que o dinheiro é limpo, ou seja, não vem, por exemplo, de corrupção.
De acordo com Bruno, o trabalho do CICV junto às empresas e fundações no Brasil é novo. Além de ter como objetivo trazer as companhias para as campanhas, em suas visitas de aproximação com o setor privado Bruno também apresenta o trabalho do CICV como organização internacional, o seu mandato e as missões que realiza. As doações são todas em recursos financeiros e não podem ser em itens ou remédios, por exemplo, em função da logística que implica a chegada nos destinos e para que o trabalho seja mais ágil. Empresas interessadas podem entrar em contato com Bruno ou doar por meio do site do comitê.
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