São Paulo – Ilhas Comores e Timor-Leste são os mais novos integrantes da Organização Mundial do Comércio (OMC). Eles ingressaram formalmente na instituição na segunda-feira (26), durante a 13ª Conferência Ministerial da OMC (MC13), realizada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. São, agora, o 165º e 166º integrantes do órgão, responsável por monitorar e promover o comércio global e avaliar eventuais contenciosos entre os países.
No discurso decorrente da adesão das duas nações, a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iewala, reconheceu os esforços empreendidos por Comores, um país árabe da África, e pelo Timor-Leste, uma ex-colônia portuguesa na Ásia, em realizar reformas em favor do desenvolvimento da sua economia. Ao integrar a instituição, os dois países podem negociar com as outras nações dentro dos direitos legais da OMC, apresentam aos investidores globais previsibilidade e direcionamento de suas políticas comerciais e podem monitorar e negociar os tratados que regem a própria OMC.
“Aqui no MC13, a OMC dá as boas-vindas aos seus primeiros membros em oito anos: Timor-Leste e Comores. Celebramos o trabalho duro que realizaram e as benéficas, porém desafiadoras, reformas que implantaram dentro de casa. Os dois são países menos desenvolvidos [do que outros da organização], e ficamos entusiasmados em vê-los colher os ganhos da filiação [à OMC] ao se tornarem novos membros da OMC”, disse Okonjo-Iweala.
Presidente de Comores, Azali Assoumani (na foto, com a diretora-geral da OMC) disse que integrar a OMC será “imensamente” benéfico para toda a economia do país, para empresas públicas e particulares e para os consumidores. “Irá contribuir para a diversificação do comércio do nosso país, para os esforços de parceria e para sua integração nas cadeias de valores regional, continental e global”, afirmou. “Por meio do acesso à OMC, o meu país irá alcançar seus objetivos”.
Um parceiro na elaboração e execução de reformas econômicas e credor de Comores por meio de linhas de crédito a nações menos desenvolvidas, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou em dezembro de 2023 um relatório sobre a economia do país árabe.
Na avaliação dos técnicos do fundo, Comores tinha o desafio de controlar o déficit em conta corrente gerado por uma grande demanda por importações e por causa dos preços elevados de alimentos e combustíveis no mercado global. Mesmo com esses desafios, Comores atingiu a maioria dos objetivos previstos nos acordos com FMI, e alcançou a redução da inflação, retomada econômica e investimentos públicos em projetos. A previsão do fundo é que o Produto Interno Bruto (PIB) de Comores cresça 3,5% neste ano com a inflação oficial em 1,2%.
Ainda em seu discurso sobre a adesão dos novos membros à OMC, a diretora-geral afirmou que diversos países almejam associar-se à OMC, incluindo “um considerável contingente” do mundo árabe. Um desses países é a Líbia. Durante a conferência ministerial, o ministro da Economia e do Comércio da Líbia, Muhammad al Hawaij, afirmou à agência de notícias WAM que o país está em conversas com a OMC para avançar do status de “observador” para uma completa filiação à instituição. Ele destacou que, para tal, é preciso percorrer diversos passos e estágios.