Dubai – A conferência sobre investimentos estrangeiros diretos (IED) Annual Investment Meeting (AIM) teve início nesta segunda-feira (08), em Dubai, com o painel “Moldando o futuro digital do IED”. O debate reuniu nomes dos setores público e privado para abordar o tema e discutir desafios, como o presidente da República do Tartaristão, Rustam Minnikhanov, e o secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), Mukhisa Kituyi, entre outros.
Segundo Ayman Sejiny (dir. na foto), chefe executivo da Corporação Islâmica para o Desenvolvimento do Setor Privado (ICD, na sigla em inglês), da Arabia Saudita, a economia digital já é parte importante da estratégia de grande parte dos 54 países membros da organização. “Muitos [dos países que têm essa estratégia] estão crescendo muito mais rápido do que outras economias que já são desenvolvidas. Ao mesmo tempo, eles têm a possibilidade de se adaptar rápido. Têm fontes e acesso digital, ao mesmo tempo que eles já pensaram nos requisitos específicos dos termos de regulação [digital]. Então, educação é essencial”, afirmou durante o debate.
O executivo falou sobre o conceito de economia 4.0, que envolve o desenvolvimento digital para chegar mais rapidamente e com mais eficiência ao setor, e até mesmo país, mais competitivo para se investir. “Sabendo dessa estratégia você sabe exatamente em qual país você tem vantagens competitivas. Por exemplo, com essa estratégia, pode-se saber qual setor da agricultura vai trazer os maiores retornos. E é por isso que os investimentos valem à pena. E como a ‘big data’ vai ajudar a distribuir o trabalho? Qual a demanda? Como a inteligência artificial vai calcular toda ‘big data’ para você? Eu acho que a oportunidade é grande e precisa ser muito mais procurada”, pontuou Sejiny.
Entre os desafios do setor, está levar soluções práticas para países e regiões que ainda têm pouco acesso às tecnologias e às possibilidades de investimento digital. “Quando falamos de investimento estrangeiro direto (IED) com foco na economia digital, não falamos de estrutura, e a energia é 30% da [necessidade para essa] tecnologia. É importante olhar para o IED na infraestrutura”, pontuou Vera Songwe, secretária executiva do Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (Uneca), da Ethiopia.
Songew apontou a necessidade de criar um mercado para 1,2 bilhão de pessoas que vivem no continente africano, e estimular que as economias continuem inovando. “Industrialização para nós significa comercializar mais, e começar a fazer isso com nós mesmos. Assim nós precisaremos de mais serviços. Hoje, o Produto Interno Bruto do continente está majoritariamente no setor de serviços. São 9,6% de contribuição do setor de manufatura, e quase 50% de serviços. Nós não precisamos apenas de infraestrutura. A infraestrutura precisa ser barata e acessível”, explicou ela.
“Em essência, nós não temos tantos portos quanto precisamos. Mas eu acho que como o espaço digital vem ficando mais importante, quando falamos de liderança do continente, falamos de governança. Quanto mais nós usamos industrialização 4.0, mais ficaremos eficientes e se tornará mais fácil criar um bom ambiente para negócios”, destacou a secretária.