Cidade do Kuwait – No último dia da Conferência Internacional para a Reconstrução do Iraque, nesta quarta-feira (14), ocorreu uma conferência ministerial no Palácio Bayan, residência oficial do emir do Kuwait, Sabah Al-Jaber Al-Sabah, na Cidade do Kuwait. O governo iraquiano anunciou que foram levantados US$ 30 bilhões em investimentos durante o evento, entre países e organizações.
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Segundo o Ministro das Relações Exteriores do Iraque, Ibrahim Al-Jaafari, apesar de este ser um valor menor do que o esperado, os iraquianos estão satisfeitos com o total. “Este é um primeiro passo, precisamos de US$ 88 bilhões e adoraríamos ter recebido este valor, mas sabemos que é um número muito alto e valorizamos a generosidade da comunidade internacional. Realisticamente falando, recebemos mais do que esperávamos”, disse em coletiva de imprensa ao final da conferência.
O Kuwait anunciou que doará US$ 2 bilhões, sendo metade em empréstimos e metade em investimentos diretos para a reconstrução. “A reconstrução do Iraque é fundamental para a continuação da luta contra o terrorismo, para derrotá-lo”, disse o emir. Ele acrescentou que a conferência e o apoio dos países demonstram o “papel humanitário da comunidade internacional”.
Entre os maiores investidores estão outros países árabes, como os Emirados Árabes Unidos, com US$ 500 milhões, mais US$ 500 milhões da DP World, empresa do setor portuário, e estimativa de US$ 5 bilhões do setor privado. Para o ministro de relações exteriores dos Emirados, Anwar Gargash, “os atores locais precisam liderar o processo de investimento para ajudar a reconstruir o Iraque pós-guerra”.
A Arábia Saudita anunciou US$ 1 bilhão em empréstimos e US$ 500 milhões para financiar exportações sauditas ao Iraque. O Catar divulgou investimentos de US$ 1 bilhão, e países como o Líbano, Egito, Marrocos e Jordânia ofereceram sua expertise em diversos setores. O Fundo Árabe para Desenvolvimento Econômico e Social destinou US$ 1,5 bilhão.
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Participaram do evento delegações de 76 países, 51 fundos de desenvolvimento, 107 Organizações Não Governamentais e 1.850 empresas e entidades. A abertura da Conferência Ministerial contou com a participação do Primeiro Ministro do Iraque, Haider Al-Abadi, o secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, a alta representante da União Europeia para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, e o Presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, além do emir do Kuwait.
Mogherini anunciou o investimento de US$ 400 milhões e disse que é uma responsabilidade da comunidade internacional apoiar o Iraque neste momento crucial. Ela frisou que “a reconstrução não é só sobre prédios” e que é preciso “construir um país que funcione para todos”, dando ênfase à importância da reconstrução social do país, em especial para os jovens, desempregados, minorias, mulheres e crianças.
O presidente do Banco Mundial disse que a instituição está investindo US$ 4,7 bilhões atualmente no Iraque, e que nunca se sabe o que o futuro econômico trará, ressaltando a importância do investimento no capital humano no longo prazo.
Guterres informou que a ONU está lançando o programa “Recuperação e Resiliência para o Iraque” para acelerar o processo de recuperação social no país, oferecendo esperança e oportunidades. “O fato do Iraque estar no caminho certo, e de ter o apoio da comunidade internacional, já é uma ótima notícia.”
Brasil
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O embaixador brasileiro no Kuwait, Norton Rapesta, foi o chefe da Delegação brasileira, que contou também com César Sauer, conselheiro da Embaixada, e com Andréa Watson, diplomata e vice-diretora da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), órgão do Ministério das Relações Exteriores.
O embaixador disse que sua participação foi para coletar informações para compartilhar com outros órgãos dos setores público e privado. Watson disse que, neste momento, o que pode acontecer é um acordo bilateral para levar iraquianos para fazer cursos de capacitação profissional no Brasil, em áreas que eles pré-determinem. “Foi um primeiro passo, um evento importante para mostrar que o Iraque está pacificado e isso já é um início para animar os investimentos dos países”, afirmou.
*A jornalista viajou a convite do governo do Kuwait