São Paulo – Investimentos de cerca de 34 bilhões de dinares tunisianos (US$ 14,7 bilhões) foram anunciados durante a conferência internacional Tunísia 2020, realizada nos dois últimos dias em Túnis, capital do país, informou o primeiro-ministro Youssef Chahed nesta quarta-feira (30), ao final do evento. As informações são da agência de notícias Tunis Afrique Presse (TAP).
Participaram do encontro chefes de estado e de governo de diversos países, empresários e representantes de organizações internacionais. O objetivo era apresentar o plano de desenvolvimento econômico de 2016 a 2020 e atrair recursos para diferentes projetos.
“A Tunísia está hoje no caminho certo e continuará como um destino competitivo para os investimentos”, disse Chahed, de acordo com a TAP. “O trabalho real começa agora. Não basta assinar convenções ou contratos, nós devemos acelerar o processo para que estes projetos vejam a luz do dia e estas promessas se tornem realidade”, acrescentou.
Foram anunciados, por exemplo, acordos com instituições financeiras internacionais e regionais, como o que prevê um empréstimo do Fundo Árabe para o Desenvolvimento Econômico e Social (Fades) para projetos de infraestrutura no valor de US$ 1,5 bilhão ao longo de cinco anos, com taxa de juros de 2,5% ao ano e prazo de pagamento de 30 anos. A instituição se comprometeu também a doar US$ 1 milhão para aplicação no setor de abastecimento de água no Sul do país.
Com o Banco Mundial, os tunisianos assinaram um protocolo de cooperação técnica na área de parcerias público-privadas. “A nova estratégia de parceria entre a Tunísia e o grupo do Banco Mundial para o período de 2016 a 2020 tem por objetivo destinar financiamentos de US$ 1 bilhão por ano, aos quais se junta uma contribuição da Corporação Financeira Internacional (parte do grupo) de US$ 300 milhões”, acrescentou o vice-presidente da instituição para o Oriente Médio e Norte da África, Hafez Ghanem.
O Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Berd) irá destinar pelo menos 650 milhões euros à Tunísia nos próximos cinco anos para apoiar o setor privado, além de projetos nas áreas de infraestrutura e energia.
O Banco Europeu de Investimentos (BEI) assinou uma série contratos de financiamento para projetos viários, de preservação da qualidade da água no litoral mediterrâneo, de distribuição de energia elétrica e de desenvolvimento de redes móveis 4G, além de um aporte no Banco da Tunísia. O presidente do BEI, Werner Hoyer, declarou que o apoio financeiro da instituição ao país árabe deverá chegar a 2,5 bilhões de euros até 2020.
Empresas
Já a petrolífera tunisiana Etap fechou um acordo com a agência italiana de hidrocarbonetos para a construção de uma central de energia solar na região de Oued Zar, na província de Tatouine, no valor de 10 milhões de euros.
No setor de turismo, a empresa Al Majida, do Catar, firmou convênio com o Ministério do Turismo da Tunísia para a instalação de um hotel cinco estrela La Cigale em Gammarth, subúrbio ao norte de Túnis, no valor de US$ 200 milhões. O projeto prevê criar 1,5 mil empregos. E a rede de hotéis Mövenpick anunciou que irá inaugurar uma terceira unidade no país em 2017.
Na área de tecnologia, a Tunísia acertou com a Microsoft a criação de uma plataforma online para a autoridade tunisiana de investimentos, e a empresa francesa DecoD anunciou a abertura de 400 postos de trabalho no país a partir de janeiro de 2017. A companhia é especializada na integração de tecnologia 3D na produção de conteúdo.
Outra empresa francesa, a Alstom, do setor ferroviário, manifestou interesse em diferentes projetos, segundo a TAP, entre eles a construção do metrô da cidade de Sfax. “Há muitos projetos previstos no plano quinquenal 2016-2020 que somam centenas de milhões de euros e dos quais nós podemos participar”, afirmou à TAP o vice-presidente sênior de Relações Públicas da Companhia, Philippe Delleur.
Governos
O governo do Canadá anunciou que vai destinar a Tunísia US$ 24 milhões, além de US$ 4 milhões em investimentos já previstos, para promoção dos direitos da mulher, formação profissional e empreendedorismo. Outro governo, o da Suíça, informou que irá desembolsar ao país árabe 250 milhões de dinares até 2020 para incentivar a criação de empregos para os jovens e desenvolver um sistema de formação profissional.
O Fundo Saudita para o Desenvolvimento, por sua vez, firmou convênio para o desembolso de US$ 700 milhões à Tunísia, com taxa de juros de 2% e prazo de pagamento de 20 anos, para projetos de desenvolvimento e apoio às exportações. Ainda anunciou uma doação de 100 milhões de dinares para construção de um hospital regional e para a restauração da mesquita Okba Ibn Nafaa e da medina (centro histórico) de Kairouan, cidade tunisiana de grande valor histórico e religioso.
O Catar, por sua vez, divulgou que concedera à Tunísia US$ 250 milhões para reforçar a economia do país e seu processo de desenvolvimento. “A melhor e mais segura maneira de lutar contra o extremismo e a violência é a prevenção”, destacou o emir catariano, Tamim Bin Hamad Al Thani, de acordo com a TAP. A Tunísia foi alvo recentemente de ataques terroristas que afetaram profundamente o turismo, um dos principais setores de sua economia.
Já o Fundo Kuaitiano para o Desenvolvimento Econômico Árabe (FKDEA) ofereceu créditos de US$ 500 milhões ao longo de cinco anos para o desenvolvimento regional. A desigualdade de condições entre as diferentes regiões da Tunísia é outro grave problema que o país tem que enfrentar.


