São Paulo – Entre os diversos impactos causados pelos conflitos em países do Oriente Médio e do Norte da África, os econômicos irão afetar por até mais de 20 anos a recuperação de algumas destas nações. Em documento divulgado nesta sexta-feira (16) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a diretora-gerente da instituição, Christine Lagarde, afirmou que os reflexos na Líbia, Síria, Iraque e Iêmen são profundos e sugeriu três focos prioritários de ação para diminuir os danos: avaliação dos custos econômicos dos conflitos, adoção de políticas adequadas para recuperação dos países e suporte internacional.
De acordo com o documento, a taxa de evasão escolar na Síria em 2013 atingiu 52% dos estudantes do país. Lá, a expectativa de vida caiu de 76 anos em média antes do início do conflito, em 2011, para 56 anos atualmente. Em maio de 2015, a inflação acumulava um aumento de aproximadamente 300%. Segundo Lagarde, se a Síria registrar um crescimento médio de 4,5% ano, ela precisará de 20 anos para recuperar o Produto Interno Bruto (PIB) que tinha em 2010.
No Iêmen, outro país em conflito interno, o PIB caiu entre 25% e 30% em 2015 em comparação com o período anterior. Ainda segundo o levantamento apresentado por Lagarde, a guerra afeta os países vizinhos, como Tunísia, Líbano, Jordânia e Turquia, prejudicados diretamente pela Síria.
“Em graus variados estes países estão expostos a desafios, como receber grandes quantidades de refugiados, fragilidades de confiança (internacional) e de segurança, e redução da sua coesão social. Tudo isso influencia a qualidade das instituições e sua habilidade de colocar em prática reformas urgentemente necessárias”, afirmou Lagarde em comunicado.
Como forma de amenizar os impactos das guerras, o Fundo sugere a adoção de medidas como proteção das instituições governamentais para garantir serviços básicos de saúde e pagamentos de salários. Outra forma de reduzir danos é a priorização de gastos para oferecer abrigo à população e proteção aos mais afetados pelos conflitos. O FMI alerta que é necessário equilibrar os desequilíbrios fiscais dos países pois, em guerras, gastos militares aumentam e as receitas diminuem.
Lagarde observa que a participação da comunidade internacional é fundamental para obter doações financeiras e também para ajudar a reduzir as consequências dos conflitos. São medidas que ajudam a população afetada e diminuem desequilíbrios fiscais.
“No longo prazo, a prioridade será promover uma ampla rede de apoio ao desenvolvimento para ajudar a reconstruir infraestrutura e instituições, e, mais amplamente, fortalecer a resistência econômica e social em toda a região (do Oriente Médio e Norte da África)”, afirmou Lagarde. O documento foi lançado por ocasião da Assembleia Geral das Nações Unidas, marcada para o próximo dia 20, em Nova York.