Geovana Pagel
São Paulo – Dez fabricantes de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, se uniram para formar o consórcio da Associação Friburguense das Indústrias de Confecções (Afric), no começo de 2003. Desde então, já participaram de três feiras nos países árabes e conseguiram um representante em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Apesar do consórcio ser formado em sua maioria por fabricantes de lingerie, a linha esportiva virou a maior aposta do grupo.
A Action, uma das empresas integrantes da Afric, acabou de enviar as primeiras amostras da coleção fitness criada especialmente para o mercado árabe. “Ficamos surpresos com a aceitação da linha para ginástica. Após três viagens e envio de amostras pela internet, desenhamos os modelos de acordo com exigências dos importadores”, contou a estilista da Action, Berenice Alves.
"Evitamos, por exemplo, listras horizontais e a cor vermelha", explicou. De acordo com a estilista, as mulheres praticantes de esportes em Dubai preferem camisetas e calças legging, de preferência com tecidos de cores mais sóbrias. “A maioria não usa tops e shorts curtos, mas enviamos modelos no pacote", completou.
"Agora estamos na fase de aguardar a análise das amostras. Estou bastante otimista em relação aos primeiros contratos que, espero, serão fechados em breve”, afirmou.
Na opinião da empresária, o exigente mercado externo é uma boa alternativa para vender a produção, principalmente em épocas de queda nas vendas domésticas. Qualidade, paciência e persistência, porém, são fundamentais para vender fora do país, de acordo com Berenice.
“Como já exportamos para o México, Uruguai, Argentina e Estados Unidos há cerca de um ano, já tínhamos uma produção nos padrões internacionais", garantiu.
O grupo
O empresário Carlos Eduardo de Oliveira, presidente do consórcio, disse que o contato com o mercado árabe iniciou no começo do ano passado, quando o grupo integrou uma missão internacional, junto com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) para levantar contatos no exterior.
Na oportunidade, os empresários de Nova Friburgo, que geram mais de 500 empregos diretos, participaram de uma feira do setor em Dubai. “O retorno foi excepcionalmente positivo”, disse o empresário.
“Logo após os primeiros contatos enviamos uma carga de lingerie para um grande distribuidor em Dubai e conseguimos contratar um representante árabe que possui escritórios em quatro países da região”, contou Oliveira.
Na remessa, enviada para Dubai e, em seguida, distribuída para Iraque, Líbano e Kuwait, foram cerca de 30 mil peças entre calcinhas, sutiãs, camisolas e biquínis. “As peças foram adaptadas às necessidades locais, com algumas alterações nas cores e tamanhos”, explicou.
“A avaliação deste período inicial é positiva. Mantemos uma média de vendas pequena, porém contínua. As remessas mais recentes, há cerca de um mês, foram de peças variadas de lingerie e linha praia”, comentou.
Segundo Oliveira, o consórcio vai continuar investindo na participação em feiras do setor no mercado árabe. Até o final de 2004 um representante do grupo deve fazer pelo menos mais uma viagem para Dubai.
Pólo exportador
Até 2005 a meta é tornar Nova Friburgo um pólo exportador, capaz de atingir vendas de cerca de US$ 36 milhões. A confecção de lingerie gera 20 mil empregos no município. A cidade, com 160 mil habitantes, é responsável por 25% da produção nacional de lingerie.
O distrito industrial está recebendo investimentos de US$ 1,373 milhão de um convênio entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
A região conta ainda com projetos da Apex-Brasil, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia e também da Agência de Promoção de Negócios da Câmara de Comércio de Milão, a Promos (entidade italiana de apoio às pequenas empresas).
Ao todo, a indústria do vestuário de Nova Friburgo deve receber em torno de R$ 10 milhões nos próximos três anos, para o aprimoramento da qualidade de suas pequenas confecções e o desenvolvimento da capacidade gerencial de seus proprietários.
Consórcio Afric
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