Geovana Pagel
São Paulo – Empresas brasileiras de pequeno porte estão se organizando para garantir espaço no guarda-roupa das mulheres árabes. Em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, 10 empresas fabricantes de lingerie se uniram para formar o consórcio da Associação Friburguense das Indústrias de Confecções (Afric).
Juntas, recentemente enviaram uma carga de 30 mil peças de roupa íntima feminina para um grande distribuidor em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
No início deste ano, o grupo integrou uma missão internacional, junto com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) para levantar contatos no exterior.
Na oportunidade, os empresários de Nova Friburgo, que geram mais de 400 empregos diretos, participaram de uma feira do setor em Dubai. “O retorno foi excepcionalmente positivo”, comemora o empresário Carlos Eduardo de Oliveira, presidente do consórcio.
“Fechamos este contrato em Dubai, enviamos 240 peças para a Arábia Saudita e conseguimos contratar um representante árabe que já está prospectando outros mercados na região”, conta Oliveira.
Na remessa “Made in Brazil”, enviada para Dubai e, em seguida, distribuída para Iraque, Líbano e Kuwait, foram calcinhas, sutiãs, camisolas, biquínis e fitness (roupas de ginástica). “As peças foram adaptadas às necessidades locais, com algumas alterações nas cores e tamanhos”, explica o empresário.
O resultado da participação da feira de Dubai e o envio das peças para a Arábia Saudita foi tão motivador que, no mês de agosto, o representante do consórcio Afric embarcou novamente para os Emirados.
De acordo com Oliveira, as perspectivas de futuros negócios com os árabes são excelentes. “Devem aumentar em média 200%, ainda este ano”, avalia o empresário.
Segundo ele, o mercado árabe é muito promissor porque possibilita vendas “desde uma calcinha mais simples até uma cravejada de diamantes”, exemplifica, referindo-se ao alto poder aquisitivo da região do Golfo.
A vocação para a confecção de lingerie pode transformar Nova Friburgo em um dos grandes exportadores da moda íntima para as mulheres árabes. A próxima remessa será enviada em dezembro, para os Emirados Árabes e Arábia Saudita.
Pólo exportador
A confecção de roupas íntimas gera 20 mil empregos em Nova Friburgo. “A cidade, com 160 mil habitantes, é responsável por 25% da produção nacional de lingerie”, afirma o presidente da Afric.
Além dos investimentos, de um convênio entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da ordem de US$1,373 milhão, o distrito industrial de moda íntima de Nova Friburgo contará com projetos da Apex, Finep (órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia) e também da Promos (entidade italiana de apoio às pequenas empresas).
Ao todo, o distrito deve receber em torno de R$ 10 milhões nos próximos três anos, para o aprimoramento da qualidade de suas pequenas confecções e o desenvolvimento da capacidade gerencial de seus proprietários.
A meta é tornar o município um pólo exportador, capaz de atingir vendas de cerca de US$ 36 milhões, em 2005.
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Afric
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