Da redação
São Paulo – O Brasil fechou 2003 com superávit na conta de transações correntes pela primeira vez em 11 anos. O saldo ficou em US$ 4,051 bilhões, ou 0,83% do Produto Interno Bruto (PIB), informa notra divulgada pelo Banco Central hoje.
O último resultado positivo havia sido registrado em 1992, quando a conta corrente terminou o ano com um superávit de US$ 6,1 bilhões.
A conta corrente engloba os saldos da balança comercial, da conta de serviços e de transferência unilaterais (por exemplo, o envio ao país de recursos de brasileiros que moram no exterior e vice-versa). Por isso, é considerada o melhor termômetro da situação do país com o exterior.
A conta chegou a registrar déficit de US$ 33,416 bilhões em 1998. Nos últimos anos, porém, o déficit veio diminuindo em razão, principalmente, dos resultados da balança. Em 2002, por exemplo, o saldo ficou negativo em apenas US$ 7,718 bilhões e, no ano passado, houve superávit.
Investimentos estrangeiros em queda
Um déficit em conta corrente sigifica que o país precisa captar recursos no exterior para fechar o balanço de pagamentos. O balanço é a soma dos resultados da conta corrente e da conta de capitais. Esta última engloba empréstimos e financiamentos internacionais, como as ajudas do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A captação de recursos pode ocorrer via empréstimos – por exemplo, os do FMI – ou via investimentos diretos estrangeiros. Esses investimentos vêm caindo nos últimos anos. Não houve efeitos no balanço de pagamentos, porque o déficit em conta corrente também está diminuindo. Mas as previsões para os próximos anos preocupam, já que uma provável redução do saldo da balança comercial – com o aumento das importações – pode mexer nessa posição confortável.
Em 2003, os investimentos externos ficaram em US$ 10,144 bilhões, 38,9% a menos do que o volume registrado no ano anterior, de US$ 16,590 bilhões. Em relação ao resultado de 2001, a queda é de 54,8%.
Balanço de pagamentos e dívida externa
O balanço de pagamentos encerrou o ano com superávit de 8,496 bilhões. Como, por definição, um balanço sempre fecha zerado (da mesma forma que os balanços de empresas), isso significa que o saldo extra vai para as reservas internacionais.
De acordo com o BC, a dívida externa total estimada para outubro de 2003 estava em US$ 219,7 bilhões, praticamente o mesmo valor de setembro, de US$ 220 bilhões. Desse total, US$ 201,4 bilhões são compromissos de médio e longo prazos e o restante, de curto prazo.