São Paulo – A Cony, indústria de acessórios para banheiros do município paulista de Mogi Guaçu, mudou a composição dos seus produtos e espera com isso começar a exportar no mercado árabe. De acordo com o gerente de exportação da empresa, Eloy Arraes, passaram a ser vendidos pela Cony, no ano passado, acessórios feitos com alumínio em vez de latão, o que deu aos produtos, além de mais leveza, também menor preço. Em função disto e com o objetivo de ter uma idéia de como está o mercado árabe para seus produtos, Arraes esteve nesta quarta-feira (23) no seminário sobre construção civil nos países árabes na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na capital paulista.
O seminário reuniu ao redor de 20 empresários e, além de mostrar as oportunidades em construção para empresas brasileiras no Golfo Arábico e Norte da África, deu aos presentes informações sobre a Big 5, maior feira do setor de construção do mundo árabe. A Cony participou da feira na edição de 2007, quando foram feitos ao redor de 15 contatos com possíveis compradores. A empresa, no entanto, ainda não exporta para o mundo árabe. A Cony tem 15 anos de existência e começou a investir em exportações há cerca de cinco anos. A empresa vende, conta Arraes, para cadeias internacionais de hotéis.
Outra empresa que esteve representada no seminário foi a Gail, de arquitetura em cerâmica, com fábrica em Guarulhos, no estado de São Paulo. A companhia produz pisos antiácidos para indústrias e piscinas e exporta para o mercado árabe desde 2008. As vendas surgiram a partir da participação em uma Big 5, no mesmo ano, quando a empresa conseguiu um agente para o Oriente Médio. Desde lá já foram embarcados produtos para Arábia Saudita, Kuwait, Líbano e Emirados Árabes Unidos, no mundo árabe, segundo a assistente de exportação, Suelen Milare, que participou do seminário. Ela veio para verificar as novas oportunidades na região.
Segundo dados apresentados no seminário por Rodrigo Solano, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Câmara Árabe, o mercado árabe importa em materiais de construção, ao ano, US$ 60,5 bilhões e o Brasil ainda tem uma participação muito pequena nisto como fornecedor. Os Emirados, onde ocorre a Big 5, responde por 34% destas importações, segundo Solano. Entre os produtos mais comprados estão as barras de ferro e aço, além de fios e cabos. Os projetos de construção da região somam US$ 470 bilhões e um dos impulsores dos investimentos é o setor turístico. “Só Dubai recebe mais turistas que o Brasil”, disse Solano.
De acordo com o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, que também participou do seminário, Dubai tem um mercado expandido de 1,3 bilhão de pessoas. Alaby lembrou que a barganha faz parte da cultura oriental, que é preciso levar isso em conta na hora de negociar com os árabes e preparar descontos. “Vender para os árabes é um exercício de paciência”, afirma Alaby. Alguns empresários presentes no seminário, inclusive, deram seu testemunho contando de contratos que fecharam após longo período e até anos de negociações. Ele lembrou ainda que o contato direto é a melhor via para vender na região.
O secretário comercial da Câmara Árabe, Elias Hadi, afirmou que neste ano a Câmara Árabe e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) organizam um estande de 280 metros quadrados na Big 5. O espaço comportará 28 empresas e as inscrições estão abertas até o final de agosto. De acordo com a analista de Marketing da Câmara Árabe, Karina Cassapula, na edição de 2009, participaram 27 empresas brasileiras. Foram feitos 3.300 contatos e a perspectiva de negócios, para os seis meses seguintes, era de US$ 12 milhões.