São Paulo – As cooperativas brasileiras tiveram em 2011 os melhores resultados com o comércio exterior desde 2005, quando foi iniciada a série histórica. Dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDCI) na quarta-feira (18) mostram que as cooperativas exportaram US$ 6,175 bilhões em 2011, 39,8% mais do que em 2010. As importações cresceram 29,6% no período, de US$ 274 milhões em 2010 para US$ 355,2 milhões em 2011. O superávit foi de US$ 5,819 bilhões, 40,4% maior do que em 2010.
Um levantamento da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), com base nos dados do MDIC, mostra que 18 países do Oriente Médio e do Norte da África compraram US$ 1,034 bilhão, o equivalente a 16,8% do total.
Para o analista de mercado da OCB, Marco Morato, o que elevou os resultados do setor foi a valorização das commodities em 2011. “Os valores subiram até 39,8%, mas em quantidade de produtos exportados o aumento foi de 3,6% em relação a 2010. Houve recuperação dos preços”, disse. Esse não foi o único fator que contribuiu para a obtenção do resultado recorde. “Nós também estamos mantendo e recuperando mercados. Em 2011, os Estados Unidos ultrapassaram a China e voltaram a ser os principais compradores”.
De acordo com os dados do MDIC, os Estados Unidos compraram US$ 739,2 milhões das cooperativas em 2011, o equivalente a 12% do total. A China comprou US$ 736,1 milhões (11,9%), seguida pelos Emirados Árabes Unidos, que compraram US$ 526,3 milhões (8,5%), Alemanha (7,2%) e Países Baixos (5,1%).
Segundo Morato, os Emirados Árabes Unidos são grandes compradores porque têm uma demanda grande por alimentos. Ele observa que países árabes que passam por instabilidades políticas, como Egito e Síria, deverão ter compras irregulares até que a situação se estabilize.
Entre as nações árabes, a Argélia foi o que mais comprou das cooperativas brasileiras, depois dos Emirados. O país do Norte da África importou US$ 155,9 milhões em 2011, ou 414,7 toneladas de produtos, e foi seguido por Arábia Saudita, Egito e Iêmen. A contagem considera a participação do Irã, país que não é árabe, e ocupa o sexto lugar como maior importador das cooperativas no Oriente Médio. Mauritânia, Marrocos, Síria, Sudão, Omã, Catar, Líbano, Jordânia, Kuwait, Iraque, Líbia e Bahrein foram os outros compradores das cooperativas brasileiras no Oriente Médio e no Norte da África em 2011.
A expectativa da OCB é que, em 2012, os preços cresçam menos do que em 2011. A instituição também espera, neste ano, aumentar o volume de vendas e bater um novo recorde de exportações. Para isso, diz Morato, é preciso investir em capacitação profissional e na qualidade do produto, algo que já vem sendo feito pela instituição. Outra forma de exportar mais seria por meio de novos acordos bilaterais do Brasil com outros países. “Esperamos bater outro recorde ao fim de 2012 e crescer de 4% a 6% em relação a este ano. Os preços dos produtos não vão aumentar tanto e tendem a se estabilizar”, disse.
O açúcar refinado foi o produto mais exportado pelas cooperativas em 2011. Foram US$ 1,048 bilhão, ou 17% do total. Café em grãos (13,6% do total), soja em grãos (11,3%), açúcar bruto (11%), pedaços e miudezas comestíveis de frango (9,2%) e etanol (8,7%) foram os produtos mais exportados depois do açúcar. Os estados que mais enviaram produtos por meio de cooperativas foram São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Entre as importações, as cooperativas compraram principalmente cloreto de potássio, num total de US$ 58,5 milhões, ureia com teor de nitrogênio, diidrogeno-ortofosfato de amônio, cevada cervejeira e milho em grãos. O principal fornecedor foi a Argentina.