São Paulo – Hoje o alto custo dos fertilizantes é o calcanhar de Aquiles da agricultura brasileira. Em busca de preços mais competitivos, 21 cooperativas do estado do Paraná, que responde por 25% da produção nacional de grãos, decidiram unir forças e criar o Consórcio Nacional Cooperativo Agropecuário (Coonagro), lançado oficialmente na última sexta-feira (26), na sede do Sistema Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná), em Curitiba.
Juntas, as 21 cooperativas têm 60,5 mil cooperados e geram 27 mil empregos diretos. Em 2008 devem faturar cerca de R$ 10 bilhões, ou 54% do total a ser movimentado pelas 80 cooperativas paranaenses do ramo agropecuário que faturam anualmente cerca de R$ 19 bilhões. De acordo com Nélson Costa, superintendente adjunto da Ocepar, o grupo vai buscar no mercado interno e externo fornecedores potenciais para adquirir a matéria-prima necessária para a produção de fertilizantes. “Países como Marrocos, Rússia, Ucrânia, Canadá e China serão prospectados”, disse Costa.
Uma das primeiras medidas práticas será fazer a mistura dos fertilizantes contratando a infra-estrutura de empresas que já têm fábrica e assim também reduzir custos. O consórcio vai coordenar e desenvolver métodos para aquisição, formulação, industrialização, distribuição, comercialização e importação de insumos agrícolas, fertilizantes, defensivos, corretivos, entre outros produtos agropecuários.
O Coonagro é o resultado de estudos realizados pela Ocepar ainda em 2003 e da decisão do governo federal, neste ano, de buscar uma solução ao problema da dependência do mercado externo de fertilizantes. “É um momento importante para a história do cooperativismo do Paraná, que une forças numa ação que trará muitos benefícios para os cooperados”, disse o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, citando a reunião promovida em fevereiro de 2007 pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que lançou o desafio às cooperativas, de buscarem uma solução conjunta.
O ministro Stephanes comentou que a constituição do Coonagro é uma solução para reduzir o custo de produção dos insumos e a dependência das grandes empresas multinacionais que controlam o setor. "O consórcio poderá comprar em grande quantidade, até que o Brasil se torne auto-suficiente na produção de fertilizantes, o poderá levar sete anos para acontecer", disse. O ministro afirmou que existem jazidas em São Paulo que poderiam ser exploradas, mas questões ambientais impedem o uso. Também afirmou que o governo estuda uma forma de reverter a concessão feita pela Petrobras do direito de exploração de uma jazida de potássio no Amazonas para a canadense Falcon.
Na opinião do presidente do Coonagro, Frans Borg, escolhido por unanimidade para comandar o Consórcio, a iniciativa é um marco para a história do cooperativismo paranaense. “A concentração de mercado é uma realidade da economia globalizada e as cooperativas não podem ficar passivas diante dessa distorção. Era preciso uma resposta e a formação do Consórcio é uma iniciativa fundamental para que possamos superar este grave problema com sérios impactos no custo de produção dos agricultores”, afirmou.
Segundo o dirigente, o primeiro desafio foi formalizar o consórcio. “Agora temos que planejar a estrutura e definir as regras do jogo”, afirmou. “No ano de 2009 acredito que possamos iniciar os trabalhos. Primeiro vamos nos concentrar nos fertilizantes. Posteriormente daremos atenção a outros insumos e também à comercialização de commodities”, garantiu.
O Coonagro terá um escritório próprio em Curitiba e vai contar com a estrutura de todas as cooperativas associadas. “Teremos uma estrutura bem enxuta que vai operar em nome das cooperativas, como se fosse uma corretagem”, explicou Borg. Apesar de ter sido criado exclusivamente por cooperativas paranaenses, o consórcio poderá ser integrado por empresas, produtores individuais e cooperativas de qualquer estado do Brasil.
Demanda por fertilizantes
De acordo com estimativas da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), a demanda por fertilizantes no Paraná neste ano será de 3,61 milhões de toneladas. No Brasil, a demanda prevista é de 26 milhões de toneladas. Em 2007, foram consumidas 24,61 milhões de toneladas no país e 3,42 milhões de toneladas no Paraná.
Segundo estimativas da Gerência Técnica e Econômica da Ocepar (Getec), a demanda por fertilizantes das cooperativas do Paraná em 2008 será de 2 milhões de toneladas. Em 2007, o setor consumiu 1,89 milhões de toneladas.
Cooperativas que formam o Coonagro
Fazem parte do consórcio a Agrária, Agropar, Batavo, Bom Jesus, C.Vale, Capal, Castrolanda, Cocari, Codepa, Cofercatu, Coopagricola, Coopermibra, Cooperval, Copacol, Copagra, Copagril, Corol, Integrada, Lar, Nova Produtiva, Unicastro.

