Sharm El Sheikh – O Brasil e os países árabes devem estender sua parceria para os negócios sustentáveis. As duas regiões já têm forte intercâmbio comercial e líderes do setor privado dos países defenderam nesta sexta-feira (11) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP27), no Egito, que essa colaboração avance para projetos que podem ajudar o mundo a atingir suas metas de redução de emissões. A parceria Brasil-Árabes foi tema de painel no pavilhão do Brasil na COP27.
Falaram na ocasião o secretário-geral e da União das Câmaras Árabes, Khaled Hanafy, a reitora da Faculdade de Transporte Internacional e Logística da Academia Árabe para Ciência, Tecnologia e Transporte Marítimo e assessora econômica da União das Câmaras Árabes, Sara Hassan Kamal Elgazzar; o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour, com mediação da diretora de Relações Institucionais da entidade, Fernanda Baltazar. Na foto acima, da esquerda para a direita, Mansour, Elgazzar, Hanafy e Baltazar.
Hanafy disse que hoje há diferentes tipos de colaboração entre o Brasil e os países árabes nos negócios sustentáveis, e que a intenção dos árabes é ter um negócio verde e ecologicamente correto. “Um dos elementos-chave dessa parceria é o mercado de carbono. O Brasil tem um excedente e está pronto para vender, e os países árabes estão prontos para comprar”, disse o secretário-geral, se referindo à redução de emissões de carbono.
O transporte marítimo entre o Brasil e os países árabes também tem grande impacto ambiental, disse Hanafy. Ele falou de iniciativas que possam considerar um transporte marítimo com energia limpa, já que as emissões dos navios são muito altas. O secretário mencionou ainda as commodities, que também podem ser mais sustentáveis. “Há boas ferramentas para a nossa colaboração”, disse.
Sara Elgazzar afirmou que com disposição é possível fazer alianças estratégicas para reduzir os impactos ambientais tanto do lado brasileiro quanto dos países árabes. Segundo ela, já existem diversas iniciativas de sustentabilidade nos países árabes e mencionou uma nos Emirados Árabes Unidos, que será sede da COP28, em Dubai, no ano que vem. “A Masdar, por exemplo, é uma companhia de energia renovável que investe em diversos países da região do MENA (Oriente Médio e Norte da África)”, disse.
Tamer Mansour ressaltou que os países árabes vêm sendo sede dos grandes eventos mundiais desde o ano passado, com a Expo 2020 Dubai, nos Emirados, este ano com a COP27 no Egito e a Copa do Mundo no Catar, e ano que vem com a COP28 em Dubai. “Com isso, os árabes estão investindo em agricultura, infraestrutura, logística e transporte, e tudo isso gira em torno da segurança alimentar e da sustentabilidade”, disse o secretágio-geral da Câmara Árabe.
Os árabes querem garantir a segurança alimentar com alta qualidade, e estão mudando de mentalidade no que se refere aos seus investimentos. “Agora, eles estão investindo não só pelo retorno financeiro, mas também pela sustentabilidade”, afirmou Mansour.
Hanafy disse que para haver mais projetos sustentáveis na parceria Brasil-Árabe é preciso trabalhar para interligar o setor privado brasileiro e o árabe. Além da segurança alimentar, ele mencionou a água como um tema caro aos árabes. “Precisamos de mais e mais tecnologia e negócios sustentáveis para evitar a escassez de água. Podemos criar valor à sustentabilidade e mostrar que ela cria grandes oportunidades”, falou ele.
Os três painelistas mencionaram que a chave para essa parceria sobre a sustentabilidade é a aliança estratégica entre as partes. “Queremos construir pontes e reduzir a distância entre o Brasil e os países árabes”, disse Hanafy.