Sharm El Sheikh – O Catar está pronto para entregar uma edição excepcional e única da Copa do Mundo. O diretor de Relações com Parceiros e Sustentabilidade do Comitê Supremo de Entrega e Legado da Copa do Catar, Jassim Al Jaidah (foto), fez a afirmação à reportagem da ANBA à margem da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, a COP27, que ocorre em Sharm El Sheikh, no Egito. Ele relatou as ações que o país árabe adotou para garantir a realização de uma copa sustentável.
Ele disse que desde os primeiros momentos, quando o Catar conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo da Federação Internacional de Futebol (Fifa) 2022, o país se comprometeu a organizar a edição mais sustentável da história da competição. De acordo com Al Jaidah, o Catar prometeu empregar práticas de sustentabilidade e proteção do meio ambiente em todas as etapas dos projetos de infraestrutura necessários para organizar os jogos, entre os quais os oito estádios da Copa.
O diretor contou que todos os estádios obtiveram a certificação GSAS (Global Sustainability Assessment System). O selo consiste em um sistema integrado de avaliação de construções e de obras de infraestrutura verdes, juntamente com seus impactos no meio ambiente. O objetivo é a promoção de práticas sustentáveis nas diversas etapas da edificação, desde o projeto, passando pela construção, até a fase operacional, identificando os desafios associados à sustentabilidade nas obras e tendo em vista o impacto no meio ambiente local. O uso do GSAS já ocorreu em copas anteriores.
Al Jaidah disse que os estádios da Copa do Mundo foram premiados com a categoria cinco estrelas, em projeto e construção, e também receberam a classificação A na gestão das obras de construção. Os estádios obtiveram certificados de eficiência no consumo de energia, já que o uso de energia limpa foi levado em consideração ainda na etapa do projeto, o que fez com que todos eles consumissem até 40% menos energia em relação aos demais estádios do mundo. Foi utilizada ainda exclusivamente iluminação de LED, que tem maior durabilidade e o menor consumo de energia.
O diretor contou também que a água utilizada para irrigar os gramados é reciclada e tratada, além do que foram utilizados materiais reciclados na construção dos estádios. No caso do estádio Ahmed Bin Ali, a utilização de materiais reaproveitados chegou a 90% do total utilizado na obra, segundo Al Jaidah.
Estratégia de sustentabilidade
Al Jaidah disse que o Catar é o primeiro país-sede da Copa a assinar acordo de cooperação com a Fifa em sustentabilidade. Segundo ele, nas edições anteriores, a Fifa desenvolveu um plano de sustentabilidade a ser implementado pelos países-sede. No entanto, para esta edição da Copa, a Fifa criou um plano de ação baseado especificamente nas necessidades do Catar na área ambiental. Isso se deve, em grande parte, ao interesse do Comitê Supremo para Entrega e Legado em tornar a edição atual do torneio a mais sustentável, além de visar benefício das futuras gerações, de acordo com o diretor.
Ele explicou que a estratégia adotada pelo Catar em sustentabilidade foi assentada em cinco eixos principais: econômico, ambiental, humanitário, social e governamental. Al Jaidah disse que as edições anteriores se basearam em três eixos: ambiental, econômico e social. Ele deu como exemplo o Estádio 974, primeiro do gênero no mundo, construído a partir de contêineres e que pode ser desmontado e instalado em qualquer outro lugar, tornando-se um modelo de sustentabilidade.
Semelhante é o caso do Estádio Ahmed Bin Ali, anteriormente conhecido como o estádio do Clube Al Rayyan, que foi totalmente demolido para ser construído com materiais da própria demolição. Também há o caso do Estádio Al Bayt, programado para sediar a partida de inauguração da Copa do Mundo. Seu projeto inicial foi concebido para ter a fachada na cor preta, mas, para garantir a sustentabilidade e não absorver calor, a fachada foi alterada para a cor branca.
“Todos os meios de transporte visam redução de emissões de carbono, notadamente o metrô, ônibus e carros elétricos. Além disso, a edição da Copa do Mundo Fifa Catar 2022 é o primeiro torneio que não depende de aviões para as transferências internas entre cidades e estádios, devido ao pequeno tamanho do Catar e à proximidade dos estádios entre si”, contou ele.
Manejo do lixo
A respeito das oportunidades de utilizar a Copa do Mundo para disseminar a cultura da preservação ambiental, ele afirmou que o Comitê Supremo para Entrega e Legado tem promovido a divulgação de mensagens de conscientização sobre sustentabilidade em várias regiões do Catar. Também foram alocados recipientes separados para a coleta seletiva de lixo com o objetivo de incentivar os visitantes a separarem os resíduos. O comitê também lançou recentemente o programa “Uma Onda”, que tem o objetivo de reduzir a quantidade de resíduos plásticos que atingem mares e oceanos.
Al Jaidah relatou que algumas ações de sustentabilidade já foram implementados na última Copa Árabe de Futebol, que foi realizada nos estádios da Copa. De acordo com ele, o percentual de reciclagem de todos os resíduos gerados na competição chegou a mais de 70%.
Traduzido do árabe por Georgette Merkhan