São Paulo – A Costelata, empresa brasileira que produz costela bovina em lata, se prepara para nova fase nos negócios, com o início da exportação e do fornecimento ao mercado árabe e islâmico. A companhia recebe neste mês a certificação halal e passa a atender um país árabe nos primeiros meses de 2026, entregando a fundo da região encomenda de refeições prontas para ajuda humanitária.
“A Costelata nasceu halal, não do ponto de vista da certificação, que é uma oficialização disso, mas do ponto de vista da filosofia, porque o halal está vinculado à ética e à pureza, e o projeto da Costelata nasceu exatamente de uma tradição de conservação da carne bovina sem química e de maneira natural”, disse para a ANBA um dos fundadores e investidor da empresa, o advogado Fernando Fernandes.
O produto da Costelata é uma carne bovina conservada na própria gordura do produto dentro de uma lata, sem necessidade de refrigeração ou químicos e conservantes. Ela foi desenvolvida a partir de pesquisas de seis anos do chef Charles Chiapetti, fundador da Costelata assim como Fernandes, tendo como base um costume mineiro, e acabou resultando em um alimento gourmet.

A partir de um encontro entre Chiapetti e Fernandes, em 2020, a empresa foi criada, e a eles se juntou também Isabella Fernandes, atual CEO e cofundadora, com formação na área de negócios. A Costelata começou como startup em unidade produtiva pequena no bairro de Itaipava, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, e teve seu lançamento ao mercado brasileiro no início de 2024.
Com alguns meses da costela em lata em venda, a empresa passou a atender o food service e desenvolveu também a carne de costela desfiada, o que significou um salto nos negócios. “Hoje a gente vende para restaurantes, hotéis, distribuidoras, e pediram para a gente desenvolver esse produto, só que desfiado. Quando lançamos esse produto para o mercado, em outubro do ano passado, em questão de dois a três meses, a empresa cresceu mais de 3.000%”, diz Isabella.
Pensado como alimento para forças armadas ou lugares de difícil acesso, as carnes da Costelata acabaram encontrando um mercado premium. A fábrica aberta inicialmente segue em funcionamento, mas hoje a companhia possui uma planta maior, na cidade de Três Rios, também no estado do Rio de Janeiro. E essa a unidade que está sendo certificada como halal pela Fambras Halal Certificadora.
Para o varejo, a Costelata fornece atualmente costela bovina enlatada de 400 e 700 gramas, e prime rib de costela bovina em pacotes, em sistema de autoclave como na lata, em 400 e 800 gramas. Para o food service são oferecidos a costela bovina desfiada, a carne seca desfiada e o prime rib de costela bovina em pacotes, além de opções como costela bovina, frango desfiado e outros, mas congelados.

Sobre os congelados, Isabella conta que o mercado ainda está muito acostumado a usar o produto dessa maneira, mas que muitos lugares já estão se abrindo para a possiblidade do autoclavado, após experimentarem a carne da Costelata.
No momento, a Costelata também desenvolve as refeições em pacotes encomendadas pelo fundo árabe. Além da carne, os pratos poderão conter outros alimentos como arroz e grão de bico, por exemplo. Os grãos devem ser fornecidos pela agricultura familiar brasileira. “É um orgulho que a Costelata possa, no projeto halal, também ajudar a matar a fome no mundo”, afirma Fernandes, já que os produtos serão destinados para ajuda humanitária. O produto será halal.
Esse fornecimento deve ser a entrada da Costelata na exportação, mas a empresa tem planos ambiciosos para o mercado internacional. “A gente vai dar esse primeiro passo, em fevereiro de 2026, para entender como é o mercado de exportação, mas a gente já identificou quais são os outros produtos que a gente vai oferecer e o plano é focar realmente na exportação em 2026”, afirma a CEO Isabella.
A empresa também vê possiblidade de vender no exterior a costela em lata. “Hoje, o produto como ele está, teria uma penetração muito fácil nos mercados asiáticos porque já existe lá o costume de consumir muito produto enlatado”, diz Isabella. Ela afirma que em países como Japão e Coreia do Sul há muito consumo de costela. “A gente enxerga que nosso produto tem muito potencial”, diz a CEO, citando ainda mercados promissores como o europeu e o americano e o entendimento que eles têm do produto premium.
Outras transformações atuais na Costelata são a preparação para deixar de ser empresa limitada e se tornar uma sociedade anônima, permitindo investimento. Fernandes relata que todo o investimento na empresa foi feito foi com capital próprio, sem empréstimo. De 11 funcionários que tinha em 2024, hoje a Costelata mantém mais de 100 colaboradores. Os produtos estão em 11 estados do Brasil.
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