Geovana Pagel
São Paulo – Com crescimento de 14% no número de expositores e 7% em área de feira, a Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro, Couromoda 2004, abriu sua 31.ª edição com 45 mil metros quadrados de estandes no Anhembi e mais de 1.500 marcas de calçados, acessórios de couro e artigos de moda. “É a maior vitrine do setor de calçados de nosso país, mostrando o que será moda em 2004”, disse o presidente da feira, Francisco Santos, durante o discurso de abertura da feira, ontem, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.
Estiveram presentes ontem na abertura do evento diversas autoridades, entre as quais o presidente da República em exercício, José de Alencar Gomes da Silva, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O presidente da feira, Francisco Santos, destacou que, entre os 915 expositores, a maioria vem de São Paulo (340), Rio Grande do Sul (296) e Minas (147). O restante (132) vem de outros 12 estados do país. “As perspectivas de negócios são excelentes. Estamos apresentando uma coleção variada com produtos para todos os climas, já que estamos recebendo compradores das três Américas, Europa e Oriente Médio”, afirmou.
De acordo com o presidente da Couromoda, o calçado brasileiro tem despertado interesse nos países europeus, por três grandes diferenciais: abundância de couro, design atualizado e preços bons, aliados à capacidade das empresas atenderem pequenos e grandes compradores, em qualquer lugar do mundo.
Santos também destaca o crescimento das pequenas indústrias que já surgem aptas a entrar no mercado internacional. “O setor tem enorme capacidade de crescimento e pode representar geração de empregos em 15 diferentes estados”, explicou.
O ministro Furlan afirmou que, apesar do resultado do ano passado do setor de calçados não ter sido muito expressivo, o coureiro-calçadista foi bom. “O abate do setor bovino cresceu 7% em 2003, o que representa um crescimento de matéria-prima para o setor”.
Para dar uma idéia do potencial de crescimento das exportações do setor, Furlan lembrou que o Brasil representa 3% do mercado mundial, enquanto a China representa 50%. Segundo ele, o Brasil precisa solucionar urgentemente os deficientes canais de distribuição, criar espaço que o produtor utilize as linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), investir no aperfeiçoamento da modelagem e na criação de novos canais.
“Nosso papel é de abrir portas. Este é o ano do crescimento econômico e o ano de dar resultado ao esforço de exportação do ano passado”, disse Furlan. O ministro destacou ainda a importância do trabalho que vem sendo desenvolvido pela Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex) para mostrar o país no exterior.
“Em Dubai, nenhuma empresa deixou de vender”, disse Furlan, fazendo referência a participação dos setor calçadista na Semana do Brasil em Dubai, realizada de 7 a 9 de dezembro, nos Emirados Árabes Unidos.
O governador Geraldo Alckmin falou da importância da feira para o Brasil. “A Couromoda é o termômetro de crescimento do setor e, pelo visto, tende a esquentar bastante por aqui”, afirmou. Alckmin citou o esforço de São Paulo na questão exportadora como forma de apoio à cadeia produtiva paulista concentrada no pólo de Franca, Jaú e Birigui.
José de Alencar elogiou o setor que, segundo ele, leva o Brasil para o mundo. “Quem fabrica sapatos está ligado à moda e quem está ligado à moda precisa estar atento”, declarou.
“Nós temos acompanhado o desenvolvimento do setor . O Brasil tem potencialidades gigantescas no setor e condições de competir internacionalmente”, disse Alencar. “O governo está aberto a discutir questões do setor com os empresários. O interesse da economia brasileira é marcar gol no adversário”, garantiu.
A cadeia coureiro-calçadista
A área de calçados é a parte mais visível da cadeia couro-calçados brasileira, cujos números totais são muito expressivos: um PIB de R$ 40 bilhões anuais (do curtume até a loja) e exportações totais de US$ 3,2 bilhões em calçados, couros, artefatos de couro, componentes e máquinas para calçados.
Produzindo calçados de todos os tipos, a indústria brasileira atende perfeitamente às necessidades do mercado interno, onde vende a cada ano cerca de 490 milhões de pares. O consumo per capita de calçados no país é de 2,8 pares/ano.
O setor também é um importante gerador de empregos. A cadeia coureiro-calçadista registra perto de 1 milhão de empregos diretos e indiretos. As indústrias de calçados, em especial, são responsáveis por 280 mil empregos diretos e, ao longo de 2003, abriram 40 mil novos postos de trabalho.

