Brasília – Após visitar unidades de produção de carne bovina e de frango em Goiânia e Brasília, o decano do Conselho dos Embaixadores Árabes e embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, e o vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Mohamad Mourad, disseram que a atenção à higiene sanitária e aos processos halal (que seguem as regras do islamismo) fortalecem ainda mais a posição do Brasil como fornecedor de alimentos aos árabes e podem até levar a novos negócios (na foto acima, imagem da comitiva na unidade da Seara em Brasília).
Nesta quinta-feira (07), uma delegação formada por diplomatas de países árabes visitou a fábrica de produção de carne de frango da Seara em Brasília. A Seara é uma das marcas da empresa JBS, que na quarta-feira (06) já havia recebido os diplomatas em sua linha de produção de carne bovina em Goiânia, no estado de Goiás. Todos os produtos que deixam essas duas unidades são halal. No caso da fábrica de Brasília, 60% da produção é destinada ao mercado externo.
Alzeben disse à ANBA que, diante dos desafios para obtenção de alimentos no mundo, empresas como a visitada são uma “usina” [de fornecimento de alimentos] “especialmente para o Oriente Médio”. O diplomata destacou a atenção aos cuidados sanitários e de produção halal, o que, para ele, aumenta a credibilidade dos produtos brasileiros. “Isso abre espaço para que as partes interessadas estejam também em contato com esta empresa gigantesca, que é um império de produção”.
Todas as empresas que produzem alimentos são autorizadas, certificadas e constantemente monitoradas por órgãos do governo federal e dos estados. No caso da produção halal, as companhias precisam de uma certificação específica, concedida por certificadoras, pois o abate e a produção halal exigem que diversos processos sejam seguidos, entre os quais: o animal precisa estar consciente no momento do abate, que precisa ser feito por um profissional muçulmano. Além disso, não pode existir nenhum contato com carne suína, um produto que os muçulmanos não consomem.
Mourad afirmou que os dois dias de agenda no Centro-Oeste do Brasil foram “positivos sob vários aspectos” e destacou a segurança alimentar, prioritária para o mundo árabe. “Mas não só no sentido de que garanta o fornecimento da comida, mas sim que garanta o fornecimento do alimento processado e abatido da maneira permitida segundo os preceitos islâmicos. E isso, eles (os diplomatas) puderam ver com os próprios olhos nas duas plantas que visitamos”, afirmou Mourad em almoço oferecido pela empresa em um restaurante da marca Swift em Brasília.
Outras reuniões
Em sua passagem por Goiás, os embaixadores também se reuniram com lideranças da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (Acieg), um contato que poderá ser retomado em novas reuniões “e em uma outra visita a Goiânia” para que se criem mais oportunidades para empresários do estado e árabes discutirem sobre negócios e para que os produtores locais expandam ainda mais suas exportações para o mundo árabe. “Hoje é o segundo principal [destino] das exportações do estado e vamos trabalhar para que seja o primeiro”, disse.
Na noite de quarta-feira, a comitiva foi recebida pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), em um jantar no Palácio das Esmeraldas, a sede do governo goiano. Alzeben e Caiado trocaram opiniões sobre o conflito em Gaza e sobre as oportunidades comerciais das empresas do estado com os países árabes.
Participaram da comitiva o CEO e secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour e, entre os diplomatas, além de Alzeben e Al Shebani, a embaixadora do Egito, Mai Taha Khalil; os embaixadores da Liga Árabe, Qais Marouf Kheiro Shqair; da Líbia, Osama Ibrahim Ayad Sawan; da Mauritânia, Abdoulaye Idrissa Wagne; e da Jordânia, Maen Masadeh; a encarregada de negócios da embaixada da Argélia, Emira Assia Dali, o encarregado de negócios do Sudão, Mohammed Elrashed Sidahmed Mohammed, e o cônsul do Iraque, Ali Majid Jasim Al-Obaidi . Também estiveram em Goiânia e Brasília o assessore da embaixada da Palestina Fares Mohamed Naklah, e o assessor de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Bassel Latif.
O jornalista viajou a convite da JBS