São Paulo – Importantes matérias-primas para a construção civil, a produção de areia e pedra brita atingiu 423 milhões de toneladas em 2007, com faturamento de R$ 9,4 bilhões, sendo R$ 4,6 bilhões para areia e R$ 4,8 bilhões para brita. O resultado oficial de 2008 ainda não foi divulgado, mas a Associação Nacional de Entidades de Produtores de Agregados (Anepac) estima que o crescimento tenha sido superior aos 7% previstos inicialmente, já que o setor de construção civil cresceu 9,5% no ano passado.
“A crise começou quando a maioria dos contratos já estava fechada e quando grandes construtoras já haviam iniciado suas obras. O mesmo ocorreu com investimentos do governo, muitos já em andamento. Como o setor de agregado depende basicamente da construção civil, também fechou o ano com crescimento”, afirma Fernando Valverde, diretor executivo da Anepac.
De acordo com Valverde, no período de 1998 a 2004, o setor passou por um período de decréscimo devido à falta de investimentos. Nos anos de 2005 a 2007 ocorreu uma reposição de equipamentos com expansão e construção de novas unidades e, no ano de 2008, a capacidade instalada ficou em torno de 520 mil toneladas. Em 2009, a previsão é atingir 85% da capacidade instalada, ou seja, uma produção de 439 mil toneladas.
“Essa previsão depende de efetivo desenvolvimento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), dos Incentivos da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) e do crescimento do setor imobiliário”, acrescenta. Hoje no Brasil existem cerca de 2.500 empresas produtoras de agregados, sendo cerca de 2.000 produtores de areia e 500 de pedra britada. O setor gera cerca de 65.000 postos de trabalho nas pedreiras e portos de areia do país.
Na avaliação do engenheiro e consultor empresarial, Milton Akira Kiyotani, o ano de 2009 deverá ser razoável por causa de obras de infraestrutura tanto do governo federal, por meio do PAC, como estaduais. “Ano de eleição [como 2008, quando ocorreram pleitos municipais] normalmente é muito bom. Também houve aquecimento do setor privado com construção civil no ano passado. Em 2009 tudo indica que haverá retração na construção de escritórios, fábricas e imóveis residenciais”, diz.
Até 2006 o setor estava ruim, sem muitos investimentos. A partir de 2006 começou a recuperação do mercado. “Acredito que o primeiro semestre não será ruim porque a Caixa Econômica Federal e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) já anunciaram que devem garantir crédito razoável. Como muitas obras do PAC estão em andamento, o setor deve acompanhar essa tendência", estima.
Em São Paulo, por exemplo, o governo do estado lançou obras no litoral e anunciou que fará licitações para rodovias, investimentos no setor aéreo e portuário.
No Rio de Janeiro também estão previstos investimentos em grandes obras como o arco rodoviário, principal projeto de infraestrutura viária em andamento no estado. Também devem ter andamento obras do PAC em infraestrutura no estado de Minas Gerais. “Os governos do estado de São Paulo e Rio de Janeiro também estão investindo e isso deve garantir um fôlego para o setor, que não deve sofrer um baque tão forte como outros segmentos, como siderurgia e agricultura”, acredita.
Mistura que dá liga
De acordo com Valverde, as propriedades físicas e químicas dos agregados e das misturas ligantes são essenciais para a vida das estruturas em que são usados. “São inúmeros os exemplos de falência de estruturas em que é possível chegar à conclusão que a causa foi a seleção e o uso inadequado dos agregados”, observa o diretor em um estudo sobre no tema.
Segundo ele, as minerações típicas de agregados para a construção civil são os portos-de-areia e as pedreiras, como são popularmente conhecidas. Entretanto, o mercado de agregados pode absorver produção vinda de outras fontes. No caso da areia, a origem pode ser o produtor de areia industrial ou de quartzito industrial, ambas geralmente destinadas às indústrias vidreira e metalúrgica. No caso da brita, pode ser o produtor de rocha calcária usada na indústria cimenteira.
Considerado como produto básico da indústria da construção civil, o concreto de cimento utiliza, em média, por metro cúbico, 42% de agregado graúdo (brita), 40% de areia, 10% de cimento, 7% de água e 1% de aditivos químicos, ou seja, cerca de 70% do concreto é constituído de agregados. "Por isso a importância do uso de agregados com especificações técnicas adequadas", diz Valverde.

