São Paulo – Dezenas de cartas escritas por crianças do colégio AESC Objetivo, de Valinhos (SP), serão traduzidas para o árabe e chegarão às mãos de refugiados sírios que vivem nos campos mantidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Líbano ou na Jordânia. Ainda que escritas de forma aleatória, despersonalizadas, as cartas levarão solidariedade ao povo que sofre com os conflitos em seu país natal.
O projeto liderado pela professora Aline Ferrarezi conta com o apoio da ONG Care International, de Atlanta, nos Estados Unidos. Eles serão responsáveis pela tradução do inglês ao árabe e posterior encaminhamento aos campos da ONU.
As cartas foram escritas em inglês porque, a princípio, faziam parte de um exercício proposto por Ferrarezi aos alunos do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental. No ano passado, ela, que é professora de inglês, abordou numa de suas aulas um vídeo feito pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) sobre duas meninas sírias e suas bonecas de pano, que chamou a atenção das crianças.
“Os alunos ficaram muito tocados e emocionados com a história das meninas. Então propus que escrevessem uma carta a essas meninas”, conta a professora. Estas cartas foram publicadas em um blog criado por ela.
Após as cartas, o tema refugiados continuou na mente dos alunos e a direção da escola, portanto, resolveu aprofundar o assunto. Ainda no ano passado convidaram Amer Salha, um refugiado sírio que vive em Campinas (SP), cidade próxima a Valinhos, para conversar com os alunos da escola. Foi um sucesso. “Ainda hoje tem aluno que mantém contato com ele”, lembra Ferrarezi.
Com o tema ainda vivo na mente dos alunos, a professora resolveu inovar este ano. Buscou na internet ONGs que colaboram com refugiados e, durante suas pesquisas, encontrou a Care International. O contato rendeu o projeto Love Letters. Desta vez as cartas escritas pelos alunos serão entregues a um refugiado sírio.
Serão mais de 140 cartas, dos alunos de duas turmas dos 8º e 9º anos – e ainda outros que, voluntariamente, se ofereceram para escrever. “Alguns alunos do ensino médio escreveram uma carta, mesmo não sendo parte da tarefa deles. A ideia é ano que vem expandir o tema para outras turmas do ensino médio e, quem sabe, até alunos mais novos. Até porque um simples desenho também pode fazer uma diferença enorme para estes refugiados”, explica a professora.
O tema refugiados sempre esteve presente na vida de Ferrarezi. Ela conta que uma família de refugiados sírios é vizinha de sua mãe, que se estabeleceu na cidade e até empreendeu. A ajuda é, portanto, uma enorme satisfação para a professora de inglês que, no início, só pretendia passar um vídeo para estimular a conversação em aula.