São Paulo – O enfrentamento da pandemia do novo coronavírus vem gerando colaboração entre os diferentes elos da cadeia de abastecimento e abre portas para que novas parcerias sejam estabelecidas entre os países, especialmente em logística. Essa foi uma das conclusões do webinar internacional promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta quarta-feira (22), acompanhado por cerca de 700 pessoas do Brasil e do exterior. Houve tradução para o português e o inglês.
“Tudo o que foi colocado aqui demonstrou essa colaboração entre todos os elos dessa cadeia, da produção até a logística para que o produto chegue ao seu destino”, afirmou o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun (foto acima), ao final do webinar.
Hannun questionou se esse pode ser o momento para andar mais rapidamente com acordos entre os países. Ele lembrou que a Câmara Árabe discute há algum tempo o estabelecimento de ligações marítimas mais diretas entre o Brasil – e América do Sul – e os países árabes. “É o momento de discutir a possibilidade de andarmos mais rapidamente com isso?”, questionou ele aos palestrantes.
A Câmara Árabe começou a fazer, com a União das Câmaras Árabe, o planejamento de um estudo para o estabelecimento de rotas marítimas diretas entre o Brasil e os países árabes, com o crivo da Liga Árabe. A decana da Faculdade de Transporte e Logística Internacional da Academia Árabe de Ciência, Tecnologia e Transporte Marítimo (ASSTMT), Sara Hassan Kamal Elgazzar, foi palestrante do webinar e falou sobre o estudo das rotas. “Essa é uma oportunidade que temos agora diante de toda essa situação”, afirmou ela.
Sara Elgazzar afirmou que toda crise gera uma oportunidade, e que a oportunidade que ela percebe agora nas relações entre o Brasil e os países árabes é na logística. Ela acredita que a logística possibilitará o desenvolvimento de atividades com maior valor agregado entre os países e isso resultará em mais comércio. “Levamos essa relação para uma nova era”, disse a decana.
Ela propôs a criação de zonas industriais ou centros de logísticas brasileiros nos países árabes, para agregação de valor aos produtos, e exportação para outros mercados. Também sugeriu alianças estratégicas entre portos do Brasil e países árabes, para compartilhamento de dados e tecnologia. “Acho que é o momento sim de parceria para criação de novos hubs”, disse a coordenadora de desenvolvimento de transporte da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Fernanda Rezende, também palestrante.
Uma das ideias já levantadas pela Câmara Árabe para o estabelecimento de rotas marítimas diretas entre o Brasil e os países árabes é a criação de empresa binacional que leve o projeto adiante. “Temos um momento ímpar para andar com isso”, disse Rubens Hannun, colocando a Câmara Árabe à disposição para trabalhar na área com outras entidades e organismos.
Além de representantes de empresas e entidades, acompanharam o webinar autoridades do Brasil e países árabes, como o cônsul geral dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo, Ibrahim Salem Alalawi, o embaixador da Liga Árabe no Brasil, Qais Marouf Kheiro Shqair, e o presidente do conselho de administração da Câmara Árabe, Walid Yazigi, entre outros diretores e lideranças da entidade.
