São Paulo – A peça de teatro “Salamaleque” terá nova temporada nos palcos paulistanos a partir de sábado (24). Nele, a atriz Valéria Arbex narra histórias de seus parentes sírios enquanto prepara pratos típicos da culinária árabe. Ao fim do espetáculo os espectadores provam os pratos que ela preparou em cena: pão com zátar (um tempero), homus e até água aromatizada compõem o cardápio do espetáculo.
A peça já esteve em cartaz na cidade em 2013. Depois, fez temporada no interior e até uma apresentação no Marrocos. Agora volta à cena, após ser vencedora da primeira edição do Prêmio Zé Renato, no segundo semestre do ano passado. Este prêmio é uma modalidade de fomento à produção teatral na cidade e terá outras duas edições este ano.
A personagem Elizete narra histórias dos imigrantes sírios que a própria atriz viveu quando criança e que, geralmente, são “temperadas” por aromas e sabores. A base do roteiro são cartas de amor trocadas pelos avós maternos de Valéria, que nasceram em Yabroud, cidade a cerca de 80 quilômetros de Damasco, na Síria.
Enquanto relata essas passagens, em um roteiro que une ficção e realidade, a personagem Elizete prepara alguns pratos para o público. A peça é ambientada em um galpão da Rua Florêncio de Abreu, no centro de São Paulo.
“Minha mãe vinha do interior para São Paulo e ficava na Rua Florêncio de Abreu, que tinha muitos imigrantes árabes”, recorda a atriz. O avô dela chegou ao Brasil em 1920 e foi viver em Piraju. A avó desembarcou no País em 1939 e foi para Cerqueira César. As duas cidades ficam no interior de São Paulo.
“A primeira temporada foi ótima. Fico muito próxima do público. Depois da peça todos são convidados para a ceia, entramos em contato direto e conversamos. Ouvi muitos relatos de ascendentes de pessoas que assistiram à peça, nem sempre de árabes. O público também acaba por fazer relatos de infância relacionados aos pratos que eram preparados por seus pais e avós. Esse espetáculo fala muito da memória e nós queríamos que não fosse restrito apenas às histórias dos árabes”, diz Arbex.
Um dos diretores do espetáculo, Kiko Marques, afirma que quando eles criaram o roteiro já pensaram na possibilidade de incluir a experiência gastronômica em cena. “Esta peça está muito atrelada à memória e muito relacionada à infância. Os pratos fazem sentido com o que a personagem fala em cena”, afirma.
Embora o tema central de “Salamaleque” seja o passado, a crise atual na Síria é mencionada durante o espetáculo. A passagem foi incluída no roteiro porque os parentes de Valéria que ainda viviam em Yabroud tiveram que deixar a cidade em razão do conflito civil. A trilha sonora original de “Salamaleque” é de Sami Bordokan, que utiliza instrumentos típicos como o alaúde, o derbaki (percussão) e a flauta árabe para retratar o folclore sírio-libanês do começo do século 20. O título da peça é uma referência à expressão árabe “as-salaamu aleikum”, que significa “que a paz esteja contigo”.
Serviço
Salamaleque, com Cia Teatral Damasco
Instituto Cultural Capobianco, Rua Álvaro de Carvalho, 97, Centro, São Paulo, SP.
De 24 de janeiro a 26 de abril de 2015
Sessões aos sábados e aos domingos às 16 horas
Entrada franca
Duração: 60 minutos
Informações: (11) 3237-1187
Reservas: (11) 97499-4243
E-mail: ciateatraldamasco@gmail.com


