Isaura Daniel
São Paulo – A Cúpula do Mercosul começa hoje (05) a movimentar a cidade de Porto Iguaçu, na província de Misiones, na Argentina. Apesar da abertura oficial estar marcada para a quarta-feira (07), no Iguazú Grand Hotel, já nesta segunda-feira ocorrem encontros preparatórios entre assessores dos países que participarão da reunião.
O negociador do Egito na Organização Mundial do Comércio (OMC), Magdi Farahat, vai representar o país árabe na Cúpula, de acordo com informações do Consulado do Egito em São Paulo. O ministro Farahat deverá assinar em Porto Iguaçu um acordo prévio entre o Mercosul e o Egito. O documento servirá como base para um tratado de livre comércio. O acordo final deve ser fechado até o final do ano.
O cônsul comercial do Egito em São Paulo, Mohamad Bakry Agami, diz que na reunião serão discutidos os produtos que serão incluídos no tratado, investimentos, cooperação tecnológica e industrial e sistemas para acelerar a entrada e saída das mercadorias. O encontro dos representantes do bloco com Farahat está previsto para a quarta-feira (07) pela manhã.
Até o final da tarde de sexta-feira (02), além do enviado do Egito e dos presidentes da Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil, haviam confirmado presença os chefes de estado do México, Bolívia, Chile e Venezuela, e representante do Japão. Os japoneses estão discutindo um acordo de livre comércio com o Mercosul, a exemplo dos egípcios.
Argentina
O grande assunto da Cúpula deve ser a relação comercial entre o Brasil e a Argentina. De acordo com o presidente da Associação de Empresas Brasileiras para a Integração de Mercados (Adebim), Michel Alaby, que também é secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), a Argentina deve solicitar mecanismos de proteção para alguns segmentos industriais mais sensíveis como o de calçados e têxteis.
Na sexta-feira (02), o jornal argentino La Nacion noticiou a preocupação dos empresários locais com o crescimento das importações do Brasil. O país teve um déficit de US$ 728 milhões de dólares na sua balança comercial com o Brasil no primeiro semestre do ano.
Também serão assuntos da reunião de Cúpula, medidas para diminuir a burocracia no comércio entre a Argentina e o Brasil, como a eliminação da necessidade de certificados de origem, e o pagamento de taxas na exportação de produtos vindos de outros países entre os integrantes do bloco.
Comunidade Andina
O acordo de livre comércio com a Comunidade Andina, da qual fazem parte Colômbia, Equador e Venezuela, não deve ser assinado em Porto Iguaçu, conforme previsto inicialmente. De acordo com Alaby, os países não chegaram a um consenso final na lista de produtos a serem incluídos no tratado. Segundo ele, as negociações devem durar ainda cerca de oito meses.
A discussão do tratado com a União Européia está pendente ainda da confirmação do presidente do bloco, Romano Prodi. De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério de Relações Exteriores da Argentina, até o final da tarde de sexta-feira, ele ainda não havia confirmado presença.
A abertura da Cúpula está marcada para às 10 horas de quarta-feira, com os chanceleres dos quatro integrantes do Mercosul. Na quinta-feira, haverá uma segunda solenidade, com a presença dos presidentes dos países. Na oportunidade, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, vai passar a presidência do bloco para o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
* Colaborou Marina Sarruf

