São Paulo – A quinta edição do curso O Mundo Islâmico terminou nesta sexta-feira (08) com uma série de palestras voltadas à economia, mercados e comércio internacional. O curso organizado pela Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras) ocorreu ao longo da semana no Instituto Rio Branco, escola de diplomatas do Itamaraty, em Brasília.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, foi um dos palestrantes desta sexta. Ele falou sobre mercados e hábitos de consumo, e da necessidade de as empresas conhecerem estas características para conseguirem ter sucesso em países muçulmanos.
Entre os destaques, Hannun apresentou dados de um trabalho recente que mostra que há uma mudança nas preocupações dos jovens de países árabes. “Eles mostram menos preocupação com a política e mais com questões práticas, do dia a dia”, disse. “Eles têm uma visão crítica, acompanham as atividades políticas, econômicas e na área de educação, e têm uma postura crítica forte, mas produtiva, com vistas a melhorias para o futuro”, acrescentou.
Nos outros dias, a programação abordou temas como religião, história e geopolítica. O vice-presidente da Fambras e coordenador do curso, Ali Hussein El Zoghbi, avalia que esta foi a melhor edição pela qualidade dos palestrantes, o nível das apresentações e pelo momento histórico, afinal o evento ocorreu na mesma semana em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai mudar a embaixada do país em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. “Nunca foi tão importante que uma temática como esta fosse debatida”, declarou Zoghbi.
Diferentemente de outras edições, desta vez o curso contou com duas mesas de debates sobre “As narrativas midiáticas e seus impactos na relação com o Islã” e “O diálogo inter-religioso como instrumento para uma cultura de paz e seu papel da crise mundial”, além das palestras.
“Nossa intenção é mostrar um Islã plural, pacífico e que contribui para a civilização, e conseguimos atingir este objetivo”, comentou Zoghbi. Participaram do curso alunos do Instituto Rio Branco, diplomatas de carreira, representantes de ministérios, militares e acadêmicos. “É um publico bastante heterogêneo”, afirmou. Segundo ele, o curso dá subsídios para que estas pessoas possam levar os conceitos aprendidos para seus locais de trabalho ou estudo.
Sobre o conteúdo do último dia, Zoghbi diz que ele serve para quebrar paradigmas, pois mostra o muçulmano como consumidor, destaca o potencial de mercados, tirando o foco de questões geopolíticas. “Fecha com chave de ouro”, disse.
“O curso é muito bom, passa informações que os diplomatas precisam ter”, complementou Rubens Hannun. “E este último dia dá uma amarrada em tudo, pois [o conteúdo] passa por todas as áreas [ao longo do curso] e, no fim, fala como acessar o mercado”, concluiu.