São Paulo – O mercado árabe ainda é um pequeno comprador de couro e peles brasileiras, mas pode crescer, segundo o presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Wolfgang Goerlich. Hoje, o maior importador entre os países do Oriente Médio e Norte da África é a Tunísia. De janeiro a junho deste ano, os tunisianos compraram US$ 3,2 milhões em couro semimanufaturado do Brasil. No mesmo período do ano passado foram US$ 1,9 milhão. A meta, diz Goerlich, é vender mais produtos manufaturados, que custam mais, para outros países. Mas o câmbio desfavorável, diz, prejudica os planos dos exportadores.
“Os países do Oriente Médio têm uma performance discreta para nós, mas apresentam um potencial crescente. A CICB quer ampliar as exportações do setor e a meta é vender mais para os árabes. Os países do Golfo (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Omã, Kuwait e Emirados Árabes Unidos) são importantes compradores de produtos de luxo. Para eles queremos vender produtos acabados, que têm mais valor”, diz. Os maiores importadores de couro do Brasil são China (junto com Hong Kong), Itália e Estados Unidos. Juntos, esses países compraram 64,2% do couro exportado pelo Brasil entre janeiro e junho.
De acordo com um levantamento do CICB feito com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as vendas para os Emirados Árabes são tímidas, mas cresceram no primeiro semestre nos últimos anos. Entre janeiro e junho de 2009, o Brasil vendeu US$ 44,4 mil em couro. Este valor caiu para US$ 28,4 mil em 2010 e subiu para US$ 59,7 mil neste ano. Entre 2010 e 2011, o total vendido para os emirados em valor cresceu 110%. Já em quantidade de produto exportado, os emirados compraram 1.131 quilos em 2010 e 1.626 quilos no primeiro semestre deste ano, uma alta de 43,7%.
Além dos Emirados Árabes, o Egito, comprou couro brasileiro neste ano. Foram adquiridos US$ 491.298 em couro. No mesmo período do ano passado o país da África comprou o equivalente US$ 16.352.
No total, os produtores de couro e peles venderam 20% a mais ao exterior no primeiro semestre deste ano do que no mesmo período do ano passado, num total de US$ 1,05 bilhão. O volume exportado, no entanto, cresceu apenas 3%. O resultado não anima os produtores, que estão preocupados com o câmbio.
Em junho, as vendas somaram US$ 167,1 milhões, 18% a menos do que em maio, de acordo com o levantamento do CICB. Wolfgang afirma que será difícil manter o ritmo de crescimento do primeiro semestre para o resto do ano. “Os produtos que exportamos em junho foram resultados de contratos fechados três meses antes, em março. O que exportaremos em julho foi vendido em abril, um mês que já foi muito difícil”, afirma o presidente do CICB.
O principal problema para o exportador, diz Goerlich, é o dólar desvalorizado. “Exceto para os setores de mineração, soja e petróleo, que encontram uma demanda forte na China, as empresas que produzem no Brasil e precisam exportar estão em dificuldade”, afirma. Ele diz que as medidas do governo brasileiro para reter a valorização do real conseguem apenas mantê-lo nos patamares atuais, mas não são suficientes para reduzir seu valor frente ao dólar.