São Paulo – Com mais de 50 anos de existência, a Tecidos Fiama, fabricante de tecidos para decoração sediada em Campinas (SP), volta os olhos para a região de origem de seu fundador, o sírio Jorge Omati. Uma recente visita da diretora de suprimentos e importação Susy Marcos ao Egito deu início a um projeto de duas vias: importar matéria-prima e exportar produtos manufaturados para os países árabes.
Apesar de ter de 20% a 25% de sua receita fruto de exportação, a Tecidos Fiama ainda não tem nenhum país árabe como destino de seus produtos. “Chegamos a exportar um grande volume para os Emirados Árabes há cerca de cinco anos”, conta a diretora, explicando se tratar de algo pontual. “Agora temos essa oportunidade e estamos de olho em toda a comunidade árabe.”
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A convite do governo egípcio, Susy Marcos visitou a Destination Africa, feira focada no setor têxtil realizada há algumas semanas no Cairo. O Escritório Comercial do Egito em São Paulo e a Câmara de Comércio Árabe Brasileira foram os responsáveis por selecionar a empresa, que quer aproveitar o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e o Egito para ter acesso a matérias-primas com preços mais competitivos.
Segundo a diretora, o fio de algodão egípcio tem alta qualidade, mas seu alto custo, aliado a alíquotas pesadas, inviabiliza a importação. A isenção de tarifas gerada pelo acordo, porém, tornou a matéria-prima mais acessível e abriu mercado tanto para comprar quanto para vender aos árabes.
“Nossa ideia é importar o fio de algodão egípcio para produzir novos produtos com essa matéria-prima, nobre e de alta qualidade. Na mão contrária, podemos exportar tecidos para o mercado egípcio, principalmente ao setor hoteleiro, uma vez que o governo local está abrindo espaço para investimentos no turismo”, explica Susy Marcos, citando como exemplo empresas hoteleiras dos Emirados que estão de olho em oportunidades do país africano.
A diretora explica que o projeto ainda é embrionário. Sua visita ao Egito rendeu contato com pelo menos quinze fornecedores locais, que devem mandar nas próximas semanas amostras de produtos para que sejam feitos testes dentro da fábrica da Fiama. “Vamos começar o desenvolvimento, levantar o custo. Não necessariamente exportaremos produtos com o fio egípcio: se eles quiserem, podemos fornecer outros tipos de tecido”, diz ela.
O foco no setor hoteleiro é justificado pela própria atuação da Fiama no mercado nacional, que tem nesse segmento uma das principais fontes de negócios – a empresa fabrica tecidos para moveis de decoração, muito usados em hotéis. Apesar de mirá-lo neste primeiro momento, a empresa acredita que pode também fazer acordo com outros segmentos no Egito mais para frente.
Dentro da fábrica em Campinas, a empresa tem área para tecelagem, tinturaria de fios e de tecidos e estamparia convencional e digital, sendo essa uma das mais modernas do mercado. A Fiama produz tecidos para decoração de móveis tanto para área externa quanto interna, entre outros produtos.
Conhecendo o Egito
Durante sua estadia no Cairo, Susy Marcos aproveitou para passar uns dias conhecendo melhor os costumes e a cultura local. “Na minha opinião é um descaso visitar um país e ignorar sua cultura. Por isso fiquei dois dias a mais para conhecer o Egito – e não apenas os pontos turísticos, mas locais onde pode se ver melhor os costumes. Isso ajuda na negociação”, explica.
Sobre a feira, a diretora julgou ter superado suas expectativas: “Não era uma feira grande, que ocupa muitos pavilhões, como temos na Europa e na Ásia. Mas era bem focada, com logística facilitada por ser dentro de um hotel e com estandes muito bem trabalhados. A receptividade também foi excelente”.
Além da Fiama, a Círculo e a Damenny participaram da Destination Africa a convite do governo egípcio. A organização da feira já confirmou uma nova edição em 2018 e pretende convidar mais compradores brasileiros, segundo a executiva de negócios internacionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, que esteve nesta edição e já começou a desenhar a participação do ano que vem.