São Paulo – Ao anoitecer, a estrela mais brilhante no céu, visível a olho nu, é a Sírius. “Ela guia, orienta e direciona, e esse é o nosso objetivo, mostrar um caminho para as pessoas. Essa é a nossa missão”, resume André Luiz Kasprovicz, gerente de Negócios Internacionais na De Sírius, uma empresa que se define como tendo “alma verde” e que deseja se tornar referência em cosméticos veganos até 2025.
A história da marca começa muito antes de sua criadora imaginar que um dia teria uma indústria de cosméticos. Não fosse o trabalho árduo e a ausência de mágica, sua trajetória poderia ser o enredo de um conto de fadas: aos 16 anos, Sabrina Rosa (foto acima), moça de baixa renda com a mãe doente, desenvolveu com ajuda de um farmacêutico um produto para restaurar a saúde e a vitalidade dos cabelos.
Mas, em vez de oferecer para as amigas e vizinhas, sua estratégia foi apresentar o creme aos cabeleireiros. Se eles gostassem dos resultados, poderiam chancelar a indicação de um tratamento aos seus clientes. Funcionou, e por um período o “creme restaurador intenso”, nome dado por esses profissionais que aprovaram sua fórmula, ajudou a manter a saúde financeira da casa.
Na faculdade de biologia, a moça conheceu Flávio. Eles se casaram, tiveram filhos e tudo estava indo bem até que a crise do Real, em 1999, mudou os rumos da família. Quando o marido perdeu o emprego, Sabrina arregaçou as mangas e voltou para o mercado de trabalho: pediu R$ 100 emprestados ao companheiro, investiu em matéria-prima e embalagens e, na cozinha da casa onde moravam, alternou as atividades diurnas de mãe, dona de casa e vendedora com a fabricação do creme criado quando era adolescente, que ela fazia à noite.
Foi em um imóvel da família, reformado para este fim, que o casal instalou sua primeira fábrica, há 25 anos, em Porto Alegre. Atualmente, o parque fabril fica em Alvorada, na região metropolitana da capital gaúcha, em uma área arborizada com mata nativa e árvores frutíferas, onde trabalham 60 funcionários diretos – sendo que 38 deles são mulheres. “Mas, entre embaixadores e apoiadores da marca, somamos mais de 150 profissionais em todo o mundo.”
O modelo de negócio escolhido por Sabrina no início do empreendimento se mantém até hoje. “Somos fabricantes de produtos profissionais para cabelo. Isso significa que operamos diretamente com nosso cliente final: os profissionais de salão de beleza”, informa o gerente. Segundo a empresa, este mercado apresenta necessidades muito específicas, “por isso fornecemos atenção técnica constante, investimos em capacitação, treinamentos e apoio ao cliente”. Os produtos De Sírius são encontrados em distribuidores especializados, tanto no Brasil quanto no exterior: “a ideia é estar presente no dia a dia do cabeleireiro, o mais próximo possível”, define Kasprovicz.
O mix da empresa tem mais de 200 produtos, sendo que 144 deles usam fórmulas sem ingredientes de origem animal. “Nunca testamos nossos produtos em animais. Desde os principais ativos até as matérias-primas mais comuns, buscamos que sejam sem origem animal. Fabricamos sem petrolatos, sem parabenos e sem sal.” Kasprovicz explica que a CEO da empresa tem esse viés como filosofia de vida, independentemente dos movimentos do mercado. “Então, é natural que ao elaborar uma nova receita ela mantenha essa essência.”
Para ganhar mercado, a empresa se fez presente nas principais feiras nacionais e internacionais de estética e beleza, como a Cosmoprof Worldwide Bologna, na Itália, e a Beautyworld Middle East, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Os resultados da iniciativa de internacionalização chegaram em 2012, com a primeira exportação para os Estados Unidos. Os produtos estão em mais de 20 países. No mundo árabe, estão presentes nos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Catar, Egito, Kuwait, Iêmen, Bahrein, Argélia e Marrocos. “Foi Dubai quem abriu as portas, há cerca de dez anos, para que tivéssemos mais oportunidades na região.”
“A De Sírius está em franca expansão no Oriente Médio“, revela o gerente. “Nossas ações focam na geração de parceiros distribuidores que possam replicar nossa forma de trabalhar, especialmente nesse cuidado com a saúde do profissional, com produtos de qualidade e que entregam resultados reais.” Kasprovicz relata que as operações internacionais da empresa geram, em média, 20% da receita anual, mas a perspectiva é que cresçam em 5% com o mercado do Oriente Médio.
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De Sírius Cosméticos
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Reportagem de Paula Medeiros, especial para a ANBA.
