Ras Al Khaimah – A maior [insira aqui, leitor, algo nos Emirados] do mundo. Não é brincadeira quando dizem que essa nação busca fazer tudo em proporções gigantescas. Já tinha visto o prédio mais alto do mundo e o maior shopping do planeta. Mas dessa vez não bastou ver. Essa repórter que vos escreve fez um tour de um dia em Ras Al Khaimah, um dos sete emirados que formam os Emirados Árabes Unidos. Lá, experimentei a sensação de ir de zero a 150 quilômetros por hora na tirolesa mais longa do mundo.
Mas antes de chegar nisso, vamos desacelerar e voltar ao início. Saindo às 9 horas da manhã de Dubai, em duas horas o carro já começava um zigue-zague anunciando que chegávamos à região montanhosa de Ras Al Khaimah. Inclusive, não indico grandes extravagâncias alimentares no dia anterior a essa viagem. Enquanto a estrada vai abraçando as rochas por longos minutos de voltas e mais voltas, minha dica é estar livre para manter os olhos fixos lá fora. Eu mesma não conseguia desgrudar daquela paisagem cheia de cinza, preto e marrom.
Lá no alto, 1680 metros de altitude, chegamos no Centro de Aventura Jais. É de lá que os aventureiros vão para as atrações. Os aventureiros e eu, no caso. Para quem não sabe, há bons anos eu deixo a desejar no quesito coragem. Mas engano bem. Ou não, porque todos que me viam perguntavam se eu estava bem.
Enfim, depois de me contar mais sobre o espaço e a tirolesa Jais Flight, a equipe me levou para colocar os equipamentos e receber instruções de segurança. Nesse quesito, têm uma série de passos. Passando por um vídeo explicativo, mais pessoas ‘vestindo’ a gente com capacete, mochila, e tudo mais. E, claro, fazendo ‘double checking’ de cada detalhe.
Ainda assim, a equipe do centro é rápida. Talvez eu não seja a única que possa desistir se tudo não for feito com agilidade. Pegamos uma van para ir a tirolesa. Ali, estava tocando uma música da Costa Rica, país de um dos instrutores que me recebeu com simpatia. Ali, aliás, trabalham pessoas de diversos países. Fui conversando com eles enquanto esperava para, finalmente, voar. Um belo voo, aliás, de 2,83 km de extensão e que dura em torno de três minutos.
Na fila, fiz um amigo da Inglaterra que também estava sozinho. Como são duas linhas, formamos uma dupla para ir juntos de um lado ao outro das montanhas. Os instrutores confirmam se estamos bem para ir. Digo que sim para eles e para o britânico que me incentiva a curtir o trajeto. “Até já já”, falo para o meu parceiro de aventura. E ele me responde, entusiasmado: “Vejo você do outro lado!”. Pausa dramática. “Você está falando sobre o outro lado da tirolesa, né?”, o instrutor se diverte. Eu dou risada. Achei graça ou meu cérebro já não estava nem processando as falas? Ninguém sabe.
O voo
Só sei que quando meu instrutor perguntou uma última vez se estou pronta, e eu respondo que sim, tudo fica imenso. O vazio embaixo de mim. O azul em volta. As montanhas ao redor e lá no chão… tão longe. Eu jurava que ia sair berrando, como os turistas que foram antes de mim. Mas tudo foi tão, tão intenso que só conseguia ficar boquiaberta. Chocada com o mundo. Três minutos de 0 a 150 quilômetros por hora, suspensa. Realmente foi como voar. Ou o mais perto disso que eu já cheguei.
No trajeto todo a gente vai deitado, de barriga para baixo e com os braços para trás. No vídeo que a câmera no meu capacete gravou – e que é uma das opções do pacote para a atração – parece até que eu não olhei para baixo. Mas eu juro que olhei. Dá uma baita vontade de fechar os olhos, mas é simplesmente impossível. Aquela vista é incrível e absurda demais. Três minutos demoraram uma eternidade, mas passam rápido demais. Percebe como tudo fica controverso?
Chegando na plataforma suspensa lá perto da montanha, descubro que se a Jais Flight já recebeu 70.000 turistas desde a sua abertura em 2018, com certeza alguns eram brasileiros. Como eu sei disso? Porque lá outro instrutor perguntou como tinha sido o ‘voo’. Eu estava tão extasiada que comecei a falar em português, e ele quis saber de onde eu era. “Brasileira? Então, sabe quem foi a primeira pessoa que te recebeu aqui? O Azar!”, ele me disse, aos risos. Claro que alguém já tinha contado para ele o significado do seu nome em português. Mas eu adverti: “Nada de ‘bad luck’ não senhor, porque eu ainda tenho que cruzar a última tirolesa!”.
Me despedi do azar mais bem-humorado que já conheci, e fui para a última parte do trajeto. Nessa etapa, a gente vai sentado e desliza por apenas 1 metro de comprimento até chegar de vez na montanha.
Eu podia ter feito fotos lá no início, antes de sair, ou nessa plataforma que liga uma tirolesa e a outra. Confesso que não consegui. A adrenalina foi muito grande e nem lembrei de pegar o celular que eles deixam levar dentro da mochila. Mas, sinceramente? Nada do que eu fotografasse daria conta da imensidão que experimentei.
Serviço
https://visitrasalkhaimah.com/pt-br/
*A jornalista viajou a convite da Ras Al Khaimah Tourism Development Authority