São Paulo – Os preços dos fertilizantes agrícolas tiveram crescentes altas ao longo de 2022, chegando inclusive a bater recordes. O cenário agora é o oposto. Segundo nota divulgada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, os preços dos fertilizantes tiveram uma “redução de até 70%, equalizando a demanda para 2023”.
O ministro Carlos Fávaro lembrou que, no ano passado, houve volatilidade no setor em decorrência da guerra da Rússia na Ucrânia. “Isso encareceu o preço do fertilizante e, consequentemente, o custo de produção do alimento, tornando a comida mais cara. Agora o preço já baixou entre 60% e 70% neste ano, o que significa que a dona de casa vai poder encontrar o alimento mais barato na gôndola do supermercado”, explicou Fávaro na nota.
A queda nos preços, porém, veio acompanhada de menor desempenho no volume vendido também. “O setor esperava maior volume de vendas em 2022, mas teve uma retração de 10% e como importaram para um mercado maior, tivemos o maior estoque na virada do ano”, explicou à ANBA o consultor independente José Francisco da Cunha.
Segundo ele, o que vem acontecendo agora é que, com um estoque abastecido, os produtores colocaram o pé no freio nas compras, embora não tenham parado de vez de fazê-las. “Os agricultores estão comprando, com medidas de ajustes, já efetuadas desde o ano passado. O volume de vendas [de fertilizantes] este ano deve aumentar um pouco devido aos menores preços”, afirmou ele.
Ainda segundo a nota, o Mapa assumirá a secretaria do Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), responsável pela coordenação e acompanhamento do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). “Descobrimos fragilidades muito grandes do sistema globalizado e isso nos faz refletir como o Brasil pode enfrentar a deficiência no suprimento de fertilizantes e se manter no protagonismo da produção de alimentos”, comentou o ministro da Agricultura.
Queda no volume comprado
Segundo informações da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), a compra de fertilizantes em 2022 registrou queda de 10,4% em relação a 2021. No total, foram 41,07 milhões de toneladas compradas no ano passado.
Entre os entraves, especialmente na importação, estiveram dificuldades logísticas e a própria guerra entre Rússia e Ucrânia, dois fornecedores importantes dos insumos.
“No final, acredito que as importações devem ser semelhantes ao ano anterior”, disse Cunha.
Ainda segundo a ANDA, no acumulado de janeiro a dezembro de 2022, a produção nacional de fertilizantes intermediários total foi de 7,45 milhões de toneladas, com crescimento de 3,3% em relação ao mesmo período de 2021, quando foram fabricadas 7,21 milhões de toneladas.
Já as importações de fertilizantes intermediários alcançaram no mês de dezembro de 2022 a quantidade de 2,07 milhões de toneladas, indicando redução de 42,2%. No acumulado de janeiro a dezembro de 2022, o total importado foi de 34,60 milhões de toneladas, com redução de 11,8% em relação ao mesmo período de 2021, quando se registraram 39,25 milhões de toneladas.