São Paulo – O desemprego entre jovens nos países árabes é de 25% e mais de 27 milhões de trabalhadores juvenis ingressarão no mercado de trabalho na região nos próximos cinco anos. A afirmação foi feita pelo diretor do Departamento para o Oriente Médio e a Ásia Central do Fundo Monetário Internacional (FMI), Jihad Azour, no primeiro dia do Fórum Econômico Árabe, nesta quinta-feira (12), em Beirute, capital do Líbano.
Azour afirmou que a região tem o mais alto nível de desemprego juvenil do mundo e divulgou uma agenda com sugestão de medidas prioritárias para que seja promovido o crescimento inclusivo nos países árabes. O diretor disse que ele significa capacidade de atender as aspirações do povo, criar empregos e aumentar a justiça social.
Segundo Azour, o crescimento do Oriente Médio é baixo desde o começo da crise financeira global, o que tem resultado em níveis de renda flutuante e oportunidades de trabalho insuficientes. Ele citou entre as causas o impacto negativo na região da volatilidade nos preços internacionais de commodities e dos conflitos locais. “As reformas de apoio ao crescimento inclusivo podem contribuir para grandes realizações”, ressaltou ele.
O diretor disse que um aumento anual de meio ponto percentual no nível de emprego pode elevar o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) para 5,5% e a renda per capita em 3,8% ao ano. “Os jovens da região têm um tremendo potencial se tiverem as oportunidades certas”, falou. Além da inclusão dos jovens, ele citou também a maior inclusão das mulheres no mercado de trabalho como fator que pode propiciar o crescimento.
Azour disse que muitos países árabes já colocaram a criação de empregos no topo dos seus programas de reforma, estão implementando melhorias no ambiente de negócios, com redução de burocracia e promoção de pequenas e médias empresas. “Muitos países estão se esforçando para usar a tecnologia para expandir a inclusão econômica e financeira”, disse o diretor, citando iniciativas neste sentido no Egito, Líbano, Jordânia e Emirados.
Ele também lembrou a criação de 85 mil empregos feita na indústria automobilística no Marrocos com a melhora do ambiente de negócios e criação de zonas de livre comércio em Casablanca e Tânger. “Atualmente, cerca de 45% das peças de reposição demandadas pelo setor automotivo são fabricadas por fornecedores nacionais”, afirmou.
Azour citou cinco prioridades para que ocorra um crescimento inclusivo na região. A primeira delas é a promoção do setor privado. “O modelo antigo, no qual o estado desempenha o papel de empregador principal, não é mais sustentável”, disse. A segunda prioridade é o apoio a grupos marginalizados. “Políticas devem ser adotadas para integrar jovens, mulheres e habitantes rurais ao mercado de trabalho, preparando-os para empregos adequados”, disse.
A terceira medida sugerida é tornar a política fiscal voltada para investimentos em recursos humanos e infraestrutura. Para isso, é preciso aumentar tributos e alocar maior quantidade de recursos públicos na infraestrutura, educação e programas sociais. A quarta prioridade sugerida é a integração na economia global, com promoção de maior abertura comercial, e a quinta, a melhoria da governança e o combate à corrupção.
Do fórum no Líbano participaram várias autoridades da região, entre elas o chefe do Banco Central do Líbano, Riad Salameh, que divulgou a estimativa de crescimento da economia libanesa em 2% neste ano e de inflação entre 4% e 5%. Também falaram o primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, e o presidente da Assembleia Nacional do Kuwait, Marzouq Al-Ghanim.