São Paulo – A taxa de desemprego nos territórios palestinos ocupados chegou a 27%, a maior do mundo, segundo relatório anual divulgado nesta quarta-feira (12) pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). A instituição acrescenta que no último ano a renda per capita recuou, a produção agrícola caiu 11% e houve piora da situação socioeconômica na região. Na foto acima, palestino trabalha em plantação de morangos na Faixa de Gaza.
O documento aponta a redução de doações internacionais e o congelamento da reconstrução de Gaza como alguns dos fatores que contribuíram para a piora do cenário, e acrescenta que as perspectivas econômicas para a Palestina são obscuras frente ao contínuo confisco de terras e recursos naturais pela “potência ocupante”.
“Sob a lei internacional, Israel e a comunidade internacional têm a responsabilidade não só de evitar ações que impeçam o desenvolvimento, mas de tomar iniciativas concretas que incentivem o desenvolvimento nos territórios palestinos ocupados”, disse o coordenador da unidade de assistência ao povo palestino da Unctad, Mahmoud Elkhafif, de acordo com comunicado da agência da ONU.
O relatório ressalta que Israel não reduziu as restrições que impõe aos palestinos e que as doações internacionais caíram para um terço do patamar registrado em 2008. Este ano, por exemplo, os Estados Unidos cortaram pela metade sua contribuição à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa).
Além da anexação de terras na Cisjordânia e do despejo de habitantes locais, a Unctad critica o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, que já dura mais de uma década. Na avaliação da organização, as condições adversas impostas pela ocupação afetam mulheres e jovens de maneira desproporcional.
Em Gaza, segundo o relatório, a renda per capita é hoje 30% menor do que era na virada do século, em termos reais, e são grandes a pobreza e a insegurança alimentar. Em 2018, os domicílios locais têm recebido em média duas horas diárias de energia elétrica.
Para a agência da ONU, uma retomada sustentável da região só será possível com a suspensão do embargo a Gaza, a reunificação econômica de Gaza e da Cisjordânia, a solução da crise de energia e a permissão para que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) possa explorar os campos de gás natural descobertos na costa do país, no Mediterrâneo, na década de 1990, entre outras ações.
A ocupação impõe também restrições ao comércio, principalmente à importação de produtos que podem ter algum uso militar, como máquinas, peças de reposição, fertilizantes, químicos, equipamentos médicos, equipamentos óticos e instrumentos de navegação. A Unctad garante que o levantamento das restrições ao comércio poderia por si só fazer a economia local crescer 10%.