São Paulo – Alimentar o mundo e promover desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Esse é um dos atuais desafios do planeta e foi tema debatido neste domingo (03) em painel do Fórum de Sustentabilidade Econômica na Região Amazônica – Brasil e Emirados Árabes Unidos, promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira em Dubai, paralelamente às atividades da exposição universal Expo 2020.
O diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do Itamaraty, Alexandre Peña Ghisleni (foto acima), trouxe o assunto para a abertura do painel Cooperação entre os Emirados Árabes Unidos e o Brasil em Segurança Alimentar e Desenvolvimento Sustentável, do qual participou online. Ele acredita que o desafio da mudança demográfica, a segurança alimentar e os recursos limitados podem ser superados com cooperação internacional.
Segundo Ghisleni, o Brasil tem uma posição positiva para participar nessa problemática. “Temos potencial para expandir a produção de maneira sustentável e temos também potencial de fazer isso através de ciência e inovação, pelo aumento da produtividade, e recuperando terras”, falou. Como garantir a segurança alimentar com sustentabilidade é um desafio levado muito a sério, de acordo com o diretor.
Ele falou que a chave do sucesso para prover comida às pessoas de forma sustentável é ciência e inovação. Ghisleni defendeu trabalho conjunto de Brasil e Emirados para atingir essa meta e sugeriu a bioeconomia como um caminho da produção sustentável. Ele quer seguir com o diálogo sobre o assunto com o setor privado e governos.
O vice-reitor da Faculdade de Alimentos e Agricultura da Universidade dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed Alyafei, sinalizou que seu país quer sustentabilidade na cadeia dos alimentos que consome. “Sustentabilidade é um dos compromissos que temos com o desenvolvimento”, disse o acadêmico. Alyafei disse que os Emirados Árabes Unidos querem assegurar um sistema sustentável levando em conta os aspectos ambiental, social e econômico. “Temos que produzir mais e ter muito em conta o meio ambiente”, falou.
O vice-reitor contou que o país árabe têm um plano de mudança climática 2017-2050 para amenizar os riscos e adaptar a agricultura ao fenômeno. Lembrando do crescimento demográfico mundial por vir, Alyafei citou a agricultura como fator de emissões, mas também como solução. “A agricultura é parte do problema e parte da solução na mudança climática e na sustentabilidade da produção”, falou. O vice-reitor acredita que o uso da alta tecnologia deve ser estratégico para produzir mais e manter a sustentabilidade.
O secretário-geral e CEO da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour, mediou o painel e disse a Alyafei que os Emirados estão avançados em muitas áreas. “Podemos avançar juntos”, falou ele. O secretário-geral lembrou que os Emirados vêm crescendo como destino das exportações do Brasil, e que isso se dá não apenas pelo consumo local, mas também pelo fato de o país ser um centro de exportações.
Halal já é sustentável
Como fornecedor desse centro de exportações que é os Emirados Árabes Unidos, Mansour falou que o Brasil também tem a preocupação de fazer chegar ao país as matérias-primas e produtos halal. Os produtos halal são aqueles que foram produzidos segundo as regras do Islã e que podem ser consumidos pelos muçulmanos. Executivos da certificação halal presentes no fórum disseram que o produto halal configura-se como sustentável.
“Hoje através do halal a gente pratica a sustentabilidade, sempre praticamos, desde o princípio, e continuamos praticando porque respeitando o meio ambiente é que a gente vai poder chegar a um mundo melhor, a um futuro melhor”, disse o presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), Mohamed Zoghbi.
O CEO da certificadora Cdial Halal, Ali Saifi, afirmou que o Brasil tem mostrado sua capacidade de melhoria contínua. Ele falou que houve uma alta transformação nas exigências na certificação halal nos últimos anos e que hoje ela não significa apenas religião, mas sustentabilidade, rastreabilidade, qualidade, bem-estar animal, entre outras características. “Acho que estamos no caminho certo”, disse Saifi, defendendo ainda a produção e oferta pelo Brasil de produtos halal de maior valor agregado, além das commodities.
Elite Agro
Com toda a grandiosidade da produção local, o Brasil é um parceiro procurado por empresas árabes que trabalham com agronegócio. A Elite Agro, companhia dos Emirados que atua com produção e distribuição de alimentos, apresentou no fórum um pouco do seu relacionamento com o Brasil. O diretor-geral da companhia, Abdulmonem Al Marzooqi, disse que a Elite Agro compra frango e frutas tropicais do Brasil. Ele também contou de outras parcerias, como um instituto brasileiro tentando ajudar os Emirados a resolver problemas em suas tamareiras.
Turismo halal
Também participando do painel, a secretária nacional de Atração de Investimentos, Parcerias e Concessões do Ministério do Turismo do Brasil, Débora Moraes da Cunha Gonçalves, falou do interesse brasileiro em atrair turistas árabes e muçulmanos, assim como investimentos de empresários árabes em empreendimentos turísticos do Brasil. A secretária acredita em uma fácil adaptação dos restaurantes e grandes resorts do Brasil ao halal para receber os turistas muçulmanos. Tamer Mansour disse aos presentes que o Brasil mostrou, durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas – sediadas no País em 2014 e em 2016, respectivamente – como é capaz de receber os turistas.
Fórum
O fórum foi organizado pela Câmara Árabe em parceria com o Ministério da Economia dos Emirados Árabes Unidos, a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria dos Emirados Árabes, a Embaixada do Brasil nos Emirados Árabes e a Câmara de Dubai. Os debates ocorreram no Hotel Conrad, em Dubai.
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